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segunda-feira, janeiro 02, 2017

António Guterres.

A eleição de alguém para um alto cargo internacional significa prestígio para o seu país de origem e de regozijo para os seus compatriotas.
 
A eleição de António Guterres para o cargo de secretário geral das Nações Unidas não foge a esta regra, - apesar do unanimismo dos media em Portugal em seu louvor, sem qualquer reticência - porém uma análise racional e independente da sua personalidade bem como das exigências do cargo para que foi eleito, deixam antever riscos sérios, em matéria de liderança, senão vejamos:
 
1- Como primeiro ministro de Portugal entre Outubro de 1995 e Abril de 2002 (XIII e XIV governos constitucionais) a sua atuação na liderança de dois executivos deixou um rasto de despesa pública incomensurável, demonstrando uma enorme tibieza na condução do governo.

2- A questão da ocupação de Timor pela Indonésia e a defesa da independência desse território tornou-se quase obsessiva nos seus governos, tanto a nível interno como externo deixando os problemas de Portugal para segundo plano.
 
3- Abandonou a liderança do governo na primavera de 2002 após o seu partido - socialista - perder as eleições autárquicas e que segundo ele era a melhor forma de evitar futuramente "um pântano político" para o país. Porém sabe-se hoje, que o seu ministro das Finanças, Pina Moura pretendia levar a cabo um programa de austeridade, com cortes na despesa pública e Guterres ficou incomodado, perante a perspetiva de ser alvo de forte contestação social e política.
 
4- Um relatório interna realizada pela O.N.U. à sua atuação à frente da A.C.N.U.R. (agência para os refugiados) e divulgada pelo jornal norte-americano "The Wall Street Journal" é demolidora para a gestão de A. Guterres, ao considerar que "é incapaz de cumprir regras, proteger bens das Nações Unidas, providenciar dados financeiros corretos e conduzir operações eficazes" .
 
5- Apesar de ter sido considerado como a melhor escolha como candidato pelos socialistas para a Presidência da República, as suas hesitações constantes até ao último momento da candidatura em que acabou por renunciar, obrigaram os seus apoiantes a escolher um candidato de recurso.

6- Mesmo tendo em conta que o cargo de secretário geral das Nações Unidas tem um caráter eminentemente de magistratura de influência a nível internacional, mais do que propriamente do tipo executivo, é indispensável que o titular tenha uma personalidade forte e determinada para se poder fazer ouvir no mundo multilateral e poder conquistar apoios e credibilidade.

Ele é um humanista convicto, - ninguém tenha dúvidas sobre isso - contudo sendo isso condição necessária, não é condição suficiente para o bom desempenho do lugar.

Espero bem que A. Guterres consiga provar ao mundo inteiro através da sua ação, que foi a melhor escolha, sobretudo numa época tão conturbada como a que vivemos. A ver vamos ...