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domingo, julho 15, 2007

Terramoto Eleitoral em Lisboa


As recentes eleições intercalares na capital tiveram um efeito devastador no espectro político português. A humilhação eleitoral sofrida pelo PSD não tem paralelo na sua história, com 15,74% põe a nu uma liderança medíocre incapaz de apontar um rumo, e capitalizar o descontentamento provocado pela medidas duras do governo de José Socrates. Marques Mendes errou ao escolher Carmona Rodrigues como cabeça de lista nas eleições autárquicas de 2005 e voltou agora a errar estrondosamente ao escolher Fernando Negrão, tratam-se de personalidades desprovidas de perfil político, titubeantes no discurso e indecisas na acção, não são mais que quadros técnicos catapultados para a esfera política. Com o PSD profundamente balcanizado, em que se degladiam as tendências liberal e a conservadora, para além de que a designação de social democrata é um embuste, dado que na europa todos os partidos social democratas à excepção do PSD, estão reunidos na Internacional Socialista; não se trata de uma questão de semântica, a ideologia ainda continua a ser um factor de identidade política nos partidos europeus.

Carmona Rodrigues apesar de ter deixado a autarquia de Lisboa com um passivo paralisante e mesmo sem máquina partidária a montante, conseguiu mais votos que o próprio PSD o que demonstra a desorganização e o desnorte que paira no partido laranja.

Helena Roseta conseguiu um bom resultado, fruto do desagrado de alguns sectores da esquerda do PS com as medidas do governo mas o seu estilo de inquietação e agitação permanentes, nunca lhe permitirão ser mais do que oposição a qualquer coisa que mexa, aliás a sua actuação à frente do município de Cascais não deixou qualquer marca digna de registo.

O CDS desapareceu no horizonte político de Lisboa, pela simples razão que a sua existência tornou-se irrelevante, sobretudo depois de ficar desprovido de alguns quadros com qualidade que foram saindo ou empurrados pela actual direcção marcada por um estilo populista e arrivista, neste momento não passa de um mero clube político.

António Costa impôs-se facilmente como candidato vencedor, com um programa simples e interveniente numa capital em decadência profunda, pese embora o resultado longe da sonhada maioria, facto a que não são estranhas as medidadas impopulares decretadas pelo executivo.

A abstenção de 62,61% é relevante quanto à avaliação que os alfacinhas fazem da capacidade dos agentes políticos na gestão da cidade; o argumento do tempo de praia não colhe, dadas as condições atmosféricas no Domingo das eleições e quanto à desculpa das férias convirá olhar para a pirâmide etária da população e para os dados estatísticos que indicam que só uma minoria, faz férias longe do domicílio.