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sábado, fevereiro 23, 2008

A SEDES e o Mal Estar Difuso...

A recente tomada de posição desta associação cívica, se bem que possa ser subscrita por muitos de nós, enferma contudo de várias imprecisões e omissões. Aponta como causa, para "um difuso mal estar" , a degradação da qualidade da vida cívica. É de facto uma das causas, mas não a única, nem sequer aquela que é mais determinante . Então a significativa diminuição da qualidade de vida dos portugueses na última década, é irrelevante para a SEDES ?
Quanto à degradação da confiança no sistema político, o problema não reside só nos partidos políticos, ou na sua "tentacular influência" no sistema democrático, mas antes na incapacidade que revelam, em solucionar os problemas endémicos da sociedade portuguesa. Curiosamente esta associação, não faz qualquer referência aos grupos de pressão ocultos, que cada vez mais são influentes nas actividades da vida pública e privada, sem que a sua actividade, seja minimamente escrutinada, pela opinião pública .
Em matéria de valores, a constatação da "combinação de alguma comunicação social sensacionalista com uma justiça ineficaz", é uma acusação fortíssima ao próprio Estado, que merecia uma mais aprofundada abordagem.
Porém onde a reflexão da SEDES revela maior fragilidade de argumentação, reside na comparação espúria entre a incapacidade do Estado fazer cumprir a lei, e o "comportamento ultra-zeloso em áreas menos relevantes", leia-se uma crítica subliminar à actuação da ASAE. E para culminar o despautério, aponta inquisitorialmente aos legisladores portugueses a responsabilidade por "transcrevem para o direito português, mecânica e por vezes levianamente, as directivas de Bruxelas" . Ou seja o direito e o normativo comunitários não deveriam ser para cumprir em Portugal, seríamos uma excepção à regra, como se fossemos um Estado anacrónico e virtual, fruto de um qualquer acaso histórico; ou melhor ainda um território europeu indigente, mas tolerado pela União Europeia.
Finalmente convirá referir que algumas personalidades mais conhecidas da SEDES, têm um passado politico interrompido por manifestos insucessos políticos, no seio dos seus próprios partidos. Se não fossem esses mesmos partidos, muitas dessas personalidades nunca teriam obtido a notoriedade pública, e como tal a visibilidade que hoje desfrutam na sociedade portuguesa, disso não haja a menor dúvida; quanto aos diagnósticos generalistas o país já está mais que saturado de os ouvir, por isso esperava-se muito mais por parte da SEDES.