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segunda-feira, outubro 02, 2017

Será que voltámos ao tempo dos "Filipes" ?

Ponto de ordem prévio:

Não sou a favor nem contra a independência da Catalunha, tal decisão cabe por inteiro aos seus habitantes.
 
Mas os acontecimentos de 1 de Outubro em Barcelona, ou seja a brutal  e desastrada represssão policial do governo de Madrid, - através da Guardia Civil e Polícia Nacional - sobre a população civil pacífica, cujo único desiderato foi poder votar num referendo sobre a autodeterminação do território, não teve justificação, foi totalmente contraproducentea e provocou cerca de 900 feridos !

Será que poder votar é um grande crime ? Nem os narcotraficantes ou homicidas são tratados assim.
Se o referendo era ilegal, qual a razão de enorme medo e até pânico de Madrid?
 
O resultado prático desta iniciativa foi a enorme visibilidade internacional da causa independentista, aliada um indisfarçavel desconforto da Comissão Europeia perante o sucedido e ainda um alento absoluto em favor da separação total do território, cuja causa ganhou inesperadamente muitos apoios.

Convirá comparar o sucedido no Reino Unido, com a pretensão independentista de várias forças políticas na Escócia. O governo britânico em vez de reprimir, organizou um referendo, cujo resultado foi desfavorável aos separatistas. A diferença não podia ser maior ...Alguém imaginaria o Reino Unido, a enviar forças policiais para sovar selvaticamente os pró-independentistas da Escócia?
 
O atual monarca de Espanha, Filipe VI é uma figura respeitada, mas o nome próprio Filipe transporta-nos para a época de Filipe III e Filipe IV e das rebeliões  quer de Portugal, quer da Catalunha contra a  inclusão no Reino de Espanha.
 
 
Coche de Filipe III de Espanha e Filipe II de Portugal*
*Nota: Este coche real de Filipe II utilizado na sua viagem a Portugal em 1609, é o mais antigo e emblemático do Museu dos Coches em Lisboa e terá sido alvo da pretensão do General Franco em trocá-lo por uma valiosa tapeçaria do património nacional de Espanha. António de Oliveira Salazar terá recusado a pretensão, alegando que Filipe II também foi um rei português e como tal a viatura fazia parte do património nacional, cuja permuta era de todo impossível.