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sábado, novembro 11, 2006

A Caixa fã do esbanjamento...


Poderá parecer inverosímil mas é verdade, numa época de brutal contenção no funcionamento das instituições públicas e privadas, a Caixa Geral de Depósitos - um banco que é uma sociedade anónima tendo o Estado como único accionista, sendo as suas participações detidas pela Direcção Geral do Tesouro e os respectivos direitos exercidos por um representante do Ministério das Finanças - decidiu com a maior naturalidade deste mundo e do outro, esbanjar 16 milhões de euros ( mais de 3 milhões e 200 mil contos em moeda antiga) numa campanha de publicidade em que o senhor Scolari é um dos "ponta de lança", isto depois do BPN não ter renovado o patrocínio ao treinador brasileiro. Entende-se perfeitamente tal facto, é que uma administração de um banco privado tem outros critérios, nomeadamente quando a respectiva assembleia de accionistas exige responsabilidades à direcção, enfim certamente minudências para os defensores da instituição pública bancária. No dia em que a CGD for privatizada mesmo que parcialmente - facto que poderá ocorrer bem mais cedo do que muitos imaginam - não há dúvida que haverá rigor, eficácia e sobretudo uma direcção com um projecto de trabalho claro e que obedeça aos mais exigentes parâmetros de racionalidade .
Enquanto tal não acontece, a tutela não sabe, não viu e não quer saber mas talvez considere mais um acto "normal" de gestão, tudo isto enquanto por exemplo as viagens dos ministros são negociadas ao cêntimo, ou seja de um lado poupam-se tostões e do outro desbaratam-se milhões.
Será curioso observar o resultado da campanha publicitária mas avaliado por uma empresa independente; é que ninguém imagina a CGD com enormes filas de clientes nas suas agências, a solicitarem a transferência de contratos de empréstimos à habitação quando ela pratica na sua generalidade condições menos vantajosas do que a banca privada.
Alguns dirão ainda que 16 milhões de €s comparativamente aos activos do Banco são peanuts, sei bem disso mas também sei que estou em Portugal e a instituição bancária é do Estado, do mesmo Estado que a toda a hora nos fala dos sacríficios impostos em nome do futuro !
Será que estamos na India colonial dos marajás, em que a pobreza absoluta convive lado a lado com a ostentação mais indecorosa e provinciana?
Através da pena da jornalista Clara Ferreira Alves ficámos a saber que em tempos a CGD projectou desenhar uma campanha de imagem centrada na figura de Fernando Pessoa mas pelos vistos um "iluminado" da instituição financeira considerou que tal opção seria elitista e de certo para atingir os píncaros da popularidade, sua excelência decidiu optar pelo treinador de futebol da selecção nacional. Como alguém de forma fundamentada já escreveu, o problema português também é um problema de falta de qualidade das elites que temos.