A Dança das Urgências
A recente publicitação da reestruturação da rede de serviços de urgência merece uma reflexão prévia, sobre o passado neste sector por forma a avaliar as propostas em discussão. Muitos das denominadas urgências existentes em vários pequenos hospitais espalhados pelo país, de urgência só têm o nome pois no que concerne à capacidade de intervenção, esta é muito limitada, uma vez que lhes faltam meios auxiliares de diagnóstico eficientes e pessoal técnico com treino e experiência que permita uma resposta adequada. Acontece que tais serviços apareceram nesses hospitais numa época em que o diagnóstico estava pouco mais que limitado à mera observação do doente pelo médico e por negligência da tutela política do sector da saúde, esses estabelecimentos hospitalares quase nunca sofreram investimentos de modernização do seu equipamento e menos ainda existiu qualquer programa de gestão de pessoal que permitisse suprir as carências nesse sector. Mas o mais grave é que hoje a solução possível é saber optar entre o medíocre e o mau; o défice de médicos e enfermeiros agrava-se e apesar dos aumentos raquíticos no número de vagas nas pouquíssimas faculdades de medicina existentes, constata-se que a idade média dos clínicos é elevada e que os novos formandos não conseguem nem sequer compensar os profissionais que saem do sistema por limite de idade, ou seja o problema agrava-se. As populações próximas da fronteira espanhola sentem-se particularmente revoltadas pois conhecem os serviços de saúde do país vizinho onde a corporação da saúde não manda no sector e fazem as comparações inevitáveis, acabando por descobrir que do lado de lá a qualidade dos serviços prestados é superior, os impostos são mais baixos e os salários mais elevados. Poder-se-á evidentemente sempre recorrer a dourar a pílula ao estabelecer três níveis de serviço de urgência (SU), a saber: Serviço de Urgência Polivalente (SUP), Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e Serviço de Urgência Básico (SUP) de facto este último não aparece por mero acaso. Em muitos episódios de urgência um número de casos muito significativo fará com que os doentes acabem por serem enviados inevitavelmente para hospitais distritais como é mais do que óbvio e faço votos para que situações inacreditáveis de doentes tratados como bolas de ping-pong entre unidades hospitalares devido à anarquia reinante nalgumas direcções regionais, deixe de vez de existir.
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