Afeganistão para quê ?
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Convirá referir que tanto ou mais perigoso que a Al-Qaeda, é a produção da papoila do ópio e o crime organizado associado ao tráfico de heroína - 4 mil milhões de dólares rendeu o cultivo e comercialização em 2008 - , cujo destino final acaba por ser as principais capitais europeias. O presidente Karzai não passa de uma figura decorativa, com os senhores feudais e os taliban directamente ligados ao narcotráfico. É inexplicável que no território mais vigiado do mundo com recurso a satélites, aviões de reconhecimento e toda uma parafernália de sensores, dali continue a produzir-se e a saírem diariamente carregamentos de droga, perante a mais absoluta passividade das forças militares ali estacionadas, seguindo rotas por demais conhecidas das polícias de todo o mundo, com as consequências conhecidas.
O governo fez bem, quando no final de Agosto do ano passado não renovou a participação directa do exército naquele país, porém agora mudou a 180º graus, claramente devido a pressão externa. Tal atitude constitui um verdadeiro enigma, quando Portugal é mencionado nos relatórios internacionais, como sendo uma das principais plataformas giratórias para a entrada de estupefacientes no continente europeu e a nossa capacidade de combater tal tráfico, quer no mar territorial quer na zona económica exclusiva associada, é pouco mais que simbólica.
Relativamente às intervenções no exterior, surgiu recentemente a notícia inacreditável da existência dum profundo mal-estar, a bordo da fragata Côrte-Real em operações no Golfo do Áden, devido á não atribuição de um subsídio pelo combate aos piratas na área, isto apesar da tripulação já receber um outro subsídio inerente às manobras NATO. Se porventura o país entrasse em guerra num conflito de média ou alta intensidade, como seria ?
Curiosamente no governo de Durão Barroso houve uma tentação semelhante em relação ao Iraque, mas a determinação de Jorge Sampaio evitou que se consumasse tal disparate, porém o actual Presidente da República, está ao contrário da maioria dos portugueses, bem mais preocupado com o estatuto dos Açores e como tal não dirá uma palavra sobre a matéria, é que o seu silêncio soa a aprovação. Apesar da corrente crise financeira, o resultado final deste delírio será o esbanjamento de mais uns largos milhões de euros, – por cá é a única forma de ”recrutar voluntariamente” - em nome de um prestígio e influência da mais pura ficção.
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Os utilizadores do espaço cibernético manifestam regozijo pelo regresso!
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