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quarta-feira, fevereiro 02, 2011

E.U.A vs China: Um Conflito Inevitável.

Mitsubishi Zero, 1942 (Japão)







A situação da China de hoje apresenta muitas semelhanças com a do Japão dos anos 20 a 30 do século passado. Este último adquiriu um crescimento económico assinalável desde o final do século XIX, acompanhado por uma modernização muito rápida, ao conseguir incorporar muitas das tecnologias mais inovadoras do Ocidente. Assim em pouco tempo deixou de ser uma potência regional, para assumir um estatuto mundial, tendo-o levado à anexação da Coreia, a antagonismos bélicos com a Rússia e ainda uma intervenção na então fragmentada China, sempre em busca de matérias primas e de novas áreas de expansão.

Passando para a época actual, importa referir, que o gigante asiático e mundial em 2010 obteve um crescimento do seu produto em cerca de 10,3% , caracterizando-se por uma política comercial agressiva, aliada a condicionamentos de toda a ordem sobre os seus parceiros económicos, como é o caso das contra partidas, que impõe para as suas exportações nos mercados dos países (ver casos da Grécia e de Portugal) onde compra dívida pública soberana. O desequilíbrio comercial e económico que tais práticas já desencadeiam - com um agravamento intolerável previsível a breve trecho - irá inevitavelmente obrigar à adopção de políticas proteccionistas por parte dos Estados Unidos conjuntamente com a União Europeia, e de imediato tal dará lugar a uma forte reacção de Pequim, que em última análise poderá transformar-se em Casus Belli.

Na esfera militar a necessidade de projectar poder para proteger e ampliar os seus interesses, terá como consequência um aumento muito significativo do poder naval chinês. A modernização do seu dispositivo naval sofreu um forte impulso a partir de 1990, ao adquirir capacidades em novos domínios, como misseis balísticos anti-navio, submarinos mais sofisticados e modernos navios de superfície. Um dos objectivos consiste em obter a curto/médio prazo capacidade aeronaval autónoma e para tal a China adquiriu o porta-aviões inacabado ucraniano Varyag*, que vai servir de plataforma de testes, com o objectivo de possuir uma unidade naval deste tipo no futuro, mas de construção própria.

Este navio - agora denominado de Shi Lang - encontra-se no porto de Dalian em fase final de acabamentos, tendo já sido instalado o radar, sensores e armamento defensivo. Diversas fontes apontam para o ano 2012, como o arranque para os ensaios aeronavais, devendo a marinha chinesa obter o caça naval russo Sukhoi Su-33 ou em alternativa a versão chinesa deste, o caça Shenyang J-15, como vector aéreo baseado em tal navio. Esta situação é equivalente ao final dos anos 20 do século XX, quando o Japão iniciou os primeiros ensaios em navios transformados em porta aviões. Actualmente a China tem como propósito bélico a médio prazo a anexação de Taiwan (tal como o Japão actuou em relação à Coreia no século passado) e para tal torna-se obrigatório impedir uma intervenção dos Estados Unidos, em defesa daquela ilha rebelde.

Caça chinês Shenyang J-8

No dia de 01 de Abril de 2001 quando um quadrimotor americano EP-3E de observação e recolha de dados electrónicos voava no mar do sul da China a 110 Km da ilha chinesa de Hainan, foi interceptado por dois caças (também chineses) J-8. Um destes aparelhos efectuou duas passagens muito próximas e à terceira acabou por colidir ao de leve com o avião americano, provocando-lhe danos graves. O aparelho chinês despenhou-se de imediato com a morte do seu piloto; por sua vez a tripulação norte-americana conseguiu em condições muito críticas aterrar o seu aparelho naquela ilha e ainda lhe foi possível destruir equipamento sensível portador de informação secreta. Este incidente é bem revelador de um potencial de conflito latente, que deverá atingir maior gravidade dentro de uma ou duas décadas, quando a China se sentir equiparada ao seu maior rival. Até lá assistiremos certamente a uma escalada gradativa de incidentes entre os dois colossos do planeta, cujos interesses são de tal maneira antagónicos, que a sua conciliação é uma tarefa praticamente inatingível.




Antevisão do porta aviões chinês "Shin-Lang"
(clique para ampliar)




* Foi concebido e iniciada a sua construção ainda na época soviética, tendo recebido primitivamente a designação de "Riga" , e estava classificado como um porta aviões da classe Almirante Kuznetsov. Lançado à água em 4 de Dezembro de 1988 e renomeado de "Varyag" no final de 1990. Com o desmembramento da União Soviética, a sua construção foi suspensa em 1992, tendo a sua posse sido transferida para a Ucrânia. O governo deste país em Abril de 1998 acabou por vender o navio por cerca de 20 milhões de dólares a uma companhia de Hong Kong, que anunciou como finalidade da sua aquisição, servir de hotel flutuante e de casino. Mais tarde veio a revelar-se que essa empresa afinal, não era mais que um testa de ferro do governo chinês, e serviu para dissimular o verdadeiro propósito desta compra.