Nome:
Localização: Portugal

domingo, novembro 19, 2006

Figuras



Amadeo de Souza-Cardoso
(1887-1918)

É para muitos o maior pintor português de sempre e apesar da sua morte prematura, esteve na vanguarda internacional do seu tempo, ombreando com a nata da arte plástica do princípio do século XX. Filho de um agricultor abastado quando em 1906 partiu para Paris e se instalou no Boulevard de Montparnass, a sua intenção era de estudar arquitectura mas passado pouco tempo desiste e a sua atenção fixa-se no desenho e na caricatura. Em 1908 frequenta as aulas de pintura do artista espanhol Anglada Camarasa Percorreu diversas correntes estéticas do seu tempo na vertente abstraccionista - cubismo, futurismo, espressionismo - sem contudo se sentir nem ao de leve condicionado por alguma delas. Fora de portas expõe em diversas cidades Paris, Berlim, Hamburgo, Munique, Colónia, Barcelona, Estocolmo, Oslo, Chicago e Boston entre outras . Revelador da sua personalidade são as cartas dirigidas ao seu tio Francisco - homem culto e viajado - onde se pode ler " subir em cultura física, e espiritual e artística ao mais alto degrau, aproveitar desta vida o mais possível, pois que tudo é passageiro " o que está de acordo com a sua procura incessante por novas formas e conceitos que pudessem dar resposta à sua imparável criatividade. O seu mérito só começou verdadeiramente a ser reconhecido a partir de 1952 , facto a que não é alheio por um lado o seu desprezo pela vida mundana e pobre da capital quando numa carta a um médico amigo escreveu : "A impressão que a futilíssima vida lisboeta lhe está causando a você é a impressão que ela causa a todos aqueles que, com um pouco de saúde, para lá foram empurrados. Certo: Lisboa é boa para conselheiros, pelintras e todos os outros mariolas. (...) Lisboa é um símbolo, o resumo da torpeza nacional: aos que não corrompe, enoja-os. " e por outro ao provincianismo existente à época no Porto - chegou a ser agredido no decorrer de uma exposição - ambos explicam o isolamento a que foi remetido. Faleceu cedo aos 31 anos em Espinho, vítima da terrível febre pneumónica que ceifou a vida a mais de 100 mil portugueses e assim desapareceu o 'meteoro de Amarante' .
A maior e melhor exposição sobre o pintor está patente na Fundação Caloustre Gulbenkian e tão cedo não haverá outra deste quilate, com muitas das obras provenientes de colecções particulares, sendo algumas delas praticamente desconhecidas no nosso país.