Timor. Um Estado Falhado ?
A 17 de Dezembro de 1941 desembarcou em Timor Leste uma força de 300 homens entre ingleses e holandeses, dado que as potências aliadas consideraram que as nossas forças eram absolutamente incapazes de causar a mínima oposição (só havia uma companhia de caçadores com material bélico de museu que serviria quanto muito para ser utilizada como força policial) à prevista invasão nipónica, apesar dos protestos do Governador de Timor e do Estado português. A resposta surgiu de forma atabalhoada com o envio de dois navios para Díli a partir de Lourenço Marques: o "João Belo" transportando um contigente expedicionário (uma companhia de caçadores, outra de engenharia e uma bateria de artilharia ) com a escolta a ser feita pelo Aviso "Gonçalves Zarco" . Quando em 17 de Fevereiro de 1942 o navio de transporte português tinha Díli à vista, foi obrigado a rumar em direcção a Goa, depois do Japão que inicialmente concordara com o envio da força, mudou de ideias e pura e simplesmente proibiu o desembarque das tropas portuguesas. A 19 de Fevereiro os japoneses invadem o território em força e as tropas aliadas em retirada refugiam-se nas montanhas, com a diminuta administração militar e civil portuguesa a ficar totalmente impotente perante o sucedido. A ocupação japonesa terminou em 5 de Setembro de 1945 e só a 27 de Setembro chegaram as primeiras forças militares portuguesas após o fim da guerra com os navios "Gonçalves Zarco" , "Angola" e "Sofala". Ainda no decurso da 2ª Guerra Mundial o embaixador dos EUA em Lisboa George Kennan, ficou perplexo com a obstinação de Salazar em recuperar a todo o custo o pequeno território de Timor Oriental, ignorando o subdesenvolvimento de Portugal e o apoio que a América poderia proporcionar-lhe quando negociava a concessão de facilidades aeronavais nos Açores. Retomada a soberania lusitana, a administração colonial pouco fez de assinalável pelo território, até que em 1975 no contexto de independência das colónias que se seguiu à revolução de 25 de Abril , a Indonésia invade Timor Oriental, sem que a pequena força armada existente no território oferecesse qualquer resistência, tendo-se antes refugiado na ilha de Ataúro, aliás diga-se de passagem tomando uma posição algo similar aquela ocorrida com o nosso pequeno destacamento militar ali presente em 1941 e 1942.
A Indonésia utilizou uma política de extrema dureza na administração de Timor Leste por forma a apagar qualquer veleidade oposicionista local que culminou em 1991 com a matança de 271 civis no Cemitério de Santa Cruz. Em 2002 por forte pressão das Nações Unidas e de alguns países com Portugal à cabeça onde se criou um ambiente de quase histeria colectiva para o qual os media tiveram um papel decisivo, Timor Leste acedeu à independência depois de um referendo que deu uma larga maioria por essa causa. Cinco anos depois a desilusão é quase total, senão vejamos: a instabilidade política e a insegurança reinam com facções locais de origem étnica oposta a degladiarem-se constantemente. A administração timorense revela uma incapacidade total para gerir os assuntos correntes, chegando ao ponto de por várias vezes o primeiro ministro Ramos Horta ameaçar demitir-se, isto apesar dos apoios internacionais ao governo de Dili. Depois de avultadas somas investidas na formação de uma força policial timorense, esta pura e simplesmente não consegue actuar e quando a desordem chega ás ruas, acaba sempre por serem os militares australianos a terem de intervir juntamente com a GNR e a PSP. O desemprego no território ultrapassa os 50% e uma parte significativa da população jovem prefere a inactividade a qualquer iniciativa de trabalho produtivo ou seja não existe uma economia minimamente sustentada, tudo se limita à subsistência mais elementar. Portugal tem em Timor 143 efectivos da GNR e 57 da PSP, para além de um número muito significativo de professores tendo o governo timorense solicitado o reforço da GNR, . Por outro lado na Austrália já é corrente nos media e no governo a opinião que Timor Leste é um estado falhado, sem capacidade de auto-governação e completamente dependente do financionamento externo a título gracioso e de forças internacionais para manter a ordem pública. Mas o mais grave é que os dirigentes timorenses habituaram-se à mais absoluta dependência do exterior, com os governos de Lisboa a satisfazerem sempre integralmente tais solicitações quando o território na história portuguesa teve sempre uma importância marginal pouco mais foi que um local de desterro e degredo de condenados por crimes graves - ao contrário de Goa na Índia onde se desenvolveu uma cultura Indo-Portuguesa - e chegou-se ao cúmulo de Timor independente ter mais militares portugueses do que acontecia quando era uma simples colónia. É pouco crível que Timor Oriental venha a ser uma país independente de facto, o mais provável é vir a ser um protectorado australiano, isto se não quiser cair na órbita da Indonésia.
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