A Decadência de Escola Pública
Hoje assiste-se à inexorável fuga de muitas famílias da escola pública, para o ensino privado, por manifesta falta de qualidade da primeira. A massificação ocorrida, não foi acompanhada do indispensável controle de qualidade, quer das escolas, quer dos seus agentes. Como é possível que aqueles que avaliam, não sejam sujeitos por sua vez, também a uma avaliação? Na Bélgica os professores, e as escolas têm um sistema de avaliação com mais de 40 anos, perfeitamente assimilado pela sociedade naquele país. Nos rankings internacionais de conhecimento do ensino básico e secundário, os nossos alunos denotam uma absoluta mediocridade, quando comparados com os seus colegas europeus e não só.
Seria injusto atribuir tal responsabilidade unicamente à escola, esquecendo por completo as famílias, que têm um contributo decisivo nesta matéria.
Qual a alternativa para esta política, da actual Ministra da Educação?
Filipe Menezes, promete atribuir a cada família, um cheque - escola, em que os encarregados de educação, poderão optar por um estabelecimento de ensino público ou privado, que mais lhes agradar. Resulta óbvio, que iria existir ainda maior uma procura pelas escolas privadas, esvaziando as escolas do Estado, e colocando muitos professores destas em regime excedentário ou de mobilidade.
A manifestação de hoje nas ruas de Lisboa, mais do que uma exibição de descontentamento contra a tutela ministerial, representa o estertor final de uma classe, que sente que perdeu estatuto, e relevância na sociedade, pois já se apercebeu que doravante as condições de progressão na carreira, e de desempenho serão bem mais duras de satisfazer.
Por sua vez a Ministra da Educação cometeu um monumental deslize, que deixou muita gente perplexa; afirmou que a avaliação dos professores é bem menos exigente, que a dos restantes funcionários públicos. Então o Estado português agora discrimina funcionários ? Qual o argumento, que pode justificar o facto de um quadro superior na administração central ou local, tenha obrigatoriamente uma progressão na carreira mais difícil, relativamente a um professor numa escola pública? Isto é verdadeiramente inadmissível, e só vai contribuir para alargar o leque do descontentamento; é que no universo da função pública, apesar do seu número, os professores são uma minoria.
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