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terça-feira, agosto 25, 2015

Fantasia Keynesiana...

A proposta eleitoral do Partido Socialista aumenta a despesa e diminui a receita, na presunção, que uns trocos a mais no bolso dos portugueses, irão desencadear uma fúria consumista potenciadora de crescimento e emprego.

O raciocínio contém dois problemas sérios: o primeiro, é que a crise económica alterou profundamente o padrão  de consumo; hoje já quase ninguém compra por simples impulso e a maioria da população adquiriu hábitos de poupança forçada, de modo que o único facto seguramente adquirido naquela proposta, seria o crescimento da despesa e em consequência direta, do défice e da dívida.
 O segundo problema prende-se com o fator tempo; acontece que se um governo adotasse tais medidas de desequilíbrio financeiro, de imediato a Comissão Europeia e os demais credores  fariam soar os alarmes de forma estridente, desencadeando um aumento dos juros da dívida, com asfixia do orçamento, muito antes de qualquer hipotética retoma pelo consumo interno.
Trata-se de uma fantasia keynesiana, - que parece querer ignorar o Tratado Orçamental - cujo risco é demasiado elevado e sem margem de segurança, perante qualquer agravamento do cenário macroeconómico.
Texto publicado pelo autor deste blog, no jornal Público de 26.08.15