Fantasia Keynesiana...
A proposta eleitoral do Partido Socialista aumenta
a despesa e diminui a receita, na presunção, que uns trocos a mais no bolso dos
portugueses, irão desencadear uma fúria consumista potenciadora de crescimento
e emprego.
O raciocínio contém dois problemas
sérios: o primeiro, é que a crise económica alterou profundamente o padrão de consumo; hoje já quase ninguém compra por
simples impulso e a maioria da população adquiriu hábitos de poupança forçada,
de modo que o único facto seguramente adquirido naquela proposta, seria o
crescimento da despesa e em consequência direta, do défice e da dívida.
O segundo problema prende-se com o fator
tempo; acontece que se um governo adotasse tais medidas de desequilíbrio
financeiro, de imediato a Comissão Europeia e os demais credores fariam soar os alarmes de forma estridente,
desencadeando um aumento dos juros da dívida, com asfixia do orçamento, muito
antes de qualquer hipotética retoma pelo consumo interno.
Trata-se de uma fantasia
keynesiana, - que parece querer ignorar o Tratado Orçamental - cujo risco é
demasiado elevado e sem margem de segurança, perante qualquer agravamento do
cenário macroeconómico.
Texto publicado pelo autor deste blog, no jornal Público de 26.08.15
Texto publicado pelo autor deste blog, no jornal Público de 26.08.15
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