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quinta-feira, março 22, 2007

O Pessoal Político


Luneta da sala das sessões na A.R. com pintura do mestre Veloso Salgado alusiva à Constituição de 1821.

Quando logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foi necessário escolher cidadãos para o parlamento, autarquias e outros orgãos de Estado, nos partidos políticos houve necessidade de estabelecer um critério de selecção e se embora na altura fosse crucial ter sido oposicionista ao Estado Novo, quer no passado mais ou menos longínquo ou subitamente de forma oportunista, o percurso profissional também entrava em linha de conta e muito boa gente revelou capacidades em momentos difíceis, da esquerda à direita. Porém hoje passados mais de 30 anos após a queda do ancien regime, constata-se que existe uma quebra muito acentuada em matéria da qualidade dos eleitos que são previamente nomeados para as listas eleitorais dos vários orgãos do poder. Para se entender a génese do problema, temos de compreender o funcionamento das estruturas base dos partidos ou seja das chamadas secções. Nestas as estruturas da direcção política priveligiam não os mais capazes mas os mais fiéis e os mais submissos, criando uma rede de apoios e de sindicatos de voto, sempre prontos a impedir que alguém ameaçe o seu pequeno poder e para tal manobram tudo e todos. Tal facto acontece também nas estruturas intermédias ou seja a nível do concelho e do distrito embora com algumas variantes e obviamente muitas pessoas de reconhecida preparação e competência que normalmente têm um espírito independente, são completamente marginalizadas e afastam-se como não poderia deixar de acontecer. Existe uma situação muito peculiar que tem vindo a manifestar-se nos últimos 20 anos e que ocorre com as chamadas juventudes partidárias que permitem que alguns indivíduos cheguem inclusivamente ao parlamento, sem nunca terem tido uma única experiência profissional, são "políticos por necessidade" e pura e simplesmente a única coisa que sabem fazer são discursos e muitas vezes de péssima qualidade e até se permitem chegar à reforma sem que alguma vez fizessem algo de significativo na sociedade onde vivem. Como seria interessante colocar uma câmara de filmar oculta, naquelas reuniões em que se elaboram as listas de deputados para as eleições legislativas! Acontecem situações caricatas como insultos, palavrões, murros na mesa, ameaças, zangas enfim vale tudo para se conseguir um lugarzinho entre os eleitos, as pressões são ali de toda a ordem. Sem mudar a orgânica no funcionamento interno dos partidos, este problema será sempre recorrente e conduz necessariamente à descredibilização de muitos orgãos do Estado e dos seus dirigentes, urge mudar rapidamente esta situação, já é tempo!