Lisboa-Dakar : Rali Fantasma
O cancelamento da 31ª edição do Lisboa-Dakar é bem revelador do nível de insegurança em que se encontra hoje o Magrebe, isto apesar das múltiplas conferências e contactos diplomáticos, entre a Europa e diversos Estados do norte de África. De facto muitos desses Estados não têm capacidade real, para exercer soberania na totalidade dos territórios em que supostamente teriam jurisdição. A conferência de imprensa da organização portuguesa, revelou-se a antítese daquela ocorrida antes pela componente gaulesa. O ministro da Presidência pareceu não valorizar adequadamente as informações, bem como os avisos feitos pelo governo francês, o que indicia que o S.I.S. não reportou devidamente a situação à tutela. Convirá referir que os serviços de informações franceses - DGSE - são uma referência no sector a nível mundial, com uma aptidão muito especial em relação ao mundo árabe. De modo que a opção pela anulação da prova, teve como causa um conjunto de informações, que para além do risco associado a um ataque perpetrado, por veículos do tipo pick-up armados com metralhadoras pesadas, existia também a forte possibilidade de atentados bombistas ou tentativas de rapto - não só na Mauritânia - e em que as autoridades locais não demonstraram uma efectiva mais valia para combater tais ameaças.
Quanto às reacções, uma palavra de louvor para com o edil de Lisboa e do Montijo, juntamente com o piloto Carlos Sousa que mostraram clarividência e lucidez, perante a situação com que foram confrontados. E de forte crítica, para a atitude de alguns autarcas, que se lamuriavam quanto às despesas realizadas com o evento desportivo, quando poderiam ter acautelado essa situação se tivessem contratualizado com a organização da prova uma cláusula de salvaguarda, coisa que pelos vistos não fizeram, e certamente não foi por falta de juristas nos seus municípios.
Finalmente uma última palavra para referir, que uma vez que o Estado português atribuiu uma subvenção (como fez no ano anterior) à organização para a realização da prova no valor aproximado de 3 milhões de euros, as duas empresas (ASO e Lagos Sport) têm obrigação de o reembolsar nesse mesmo valor, - e de igual maneira à Associação de Turismo do Algarve, Câmara de Portimão que dispenderam 700 000 €, bem como a CML que pagou 250 000 € - dado o cancelamento ocorrido.
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