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domingo, março 23, 2008

Uma sala de aula ....Portugal 2008 !



Tal como já aqui escrevemos no dia 8 do corrente mês, a Escola Pública encontra-se em profunda decadência, a todos os níveis, e as estruturas que eram suposto actuar, pura e simplesmente abdicam de o fazer; seja o Ministério da Educação através das suas múltiplas e pouco mais que virtuais direcções regionais, quer sejam os órgãos de gestão das escolas eufemisticamente designados por "Conselhos Executivos", na prática não executam rigorosamente nada. No tristemente famoso caso da aula de francês ( na verdade mais próximo de uma qualquer rave party ) na Escola Carolina Michaelis no Porto, o silêncio do tal Conselho Executivo, foi verdadeiramente ensurdecedor; ninguém deste órgão apareceu a dar a cara, perante a justa indignação da opinião pública, que varreu Portugal de norte a sul. Por muito que isto desagrade à FENPROF, o facto é que o actual modelo de gestão das escolas, mais se assemelha a um qualquer sucedâneo de uma forma de auto-gestão, do que a um exemplo racional de administração de um estabelecimento de ensino. A esmagadora maioria dos professores, que compõem estes órgãos não tem qualquer formação na área de gestão de recursos, e muitos candidatam-se ao lugar por forma a não terem de leccionar no ensino básico e secundário, com a vantagem de ainda receberem um salário superior. Ao visionar o filme da mencionada "sala de aula" de francês, percebe-se imediatamente pelo à vontade dos alunos naquela situação, que aqueles comportamentos não são de certeza inéditos, a diferença está que agora estes foram publicitados através da Internet; e como tal fica no ar claramente um indício de negligência e passividade da Escola. Agora percebe-se a razão, pela qual muitos professores temem serem avaliados, de facto episódios destes em salas de aula, levariam a uma forte penalização de todos os intervenientes, caso houvesse um escrutínio sério dos agentes de ensino. É urgente que o governo altere profundamente o actual modelo de gestão escolar, permitindo através de concurso público, que gestores credenciados, possam gerir as unidades escolares, serem o rosto visível dessas instituições, formar equipas da sua confiança e obviamente responderem pelos resultados. É que uma escola não precisa propriamente de um conselho, mas antes de uma direcção decidida e eficaz; o sistema de ensino não superior custa aos contribuintes um montante que ronda os 5 930 000 000€s, pelo que já é tempo de acabar com o facilitismo, e a irresponsável delapidação de recursos. Quanto ao Estatuto do Aluno, este deve ser imediatamente suspenso, uma vez que é um documento completamente desajustado à realidade portuguesa, e só pode ter sido elaborado por juristas, que revelam um absoluto desconhecimento do universo escolar.