A Descentralização Anárquica .
Certamente motivado por alguma
razão esotérica, o governo defendeu a ideia peregrina de fazer de cada município uma região para delegação de
competências e em particular o seu ministro adjunto tem vindo a anunciar a
ladainha ininterrupta das respetivas medidas, de forma avulsa e
descontextualizada e remetendo para futuro incerto a proposta
legislativa.
Não ocorreu às mentes iluminadas
deste exercício de experimentalismo administrativo, que mais de um terço dos
municípios tem menos de 10 mil habitantes e na maioria destes existem juntas de
freguesia com menos de mil residentes. De modo que descentralizar poderes de
entidades nacionais como a ASAE (inspeção económica), a DGAV (saúde animal),
DGCI (avaliação de imóveis - IMI), para estruturas sem escala para tal, onde a
proximidade entre o fiscalizador e o fiscalizado não permite, nem garante
isenção, nem muito menos autoridade, configura o triunfo absoluto do caciquismo
e do amiguismo; isto é tão básico que nem um estudante caloiro de direito
administrativo cometeria um erro tão grosseiro.
Seria possível transferir algumas
competências governamentais para as C.C.D.R, cuja áreas de atuação correspondem
a 5 regiões em que já existe escala adequada, porém o modelo existente das
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, cujos órgãos não são
eleitos e o presidente até é nomeado pelo governo, inviabiliza qualquer
veleidade nesta matéria.
A questão requer um estudo
aprofundado realizado por uma universidade de referência, para enquadramento e
reflexão prévios, é que o modelo do tipo anárquico e caótico proposto, não tem
qualquer viabilidade de aplicação.
Texto do autor deste blog publicado no Jornal Público de 06.03.2017.
Texto do autor deste blog publicado no Jornal Público de 06.03.2017.
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