A nossa televisão pública conseguiu a insólita proeza de ao mesmo tempo aumentar a taxa de audiovisual – iniciativa apadrinhada por um ministro pseudomaduro - e piorar a oferta dos seus conteúdos.
Estes últimos resumem-se ao futebol, às produções “pimba” ao ar livre, ao estilo das feiras do século passado e claro a concursos idiotas, que têm a virtude de ajudar a adormecer os telespetadores.
Para a R.T.P. instituições públicas como o Teatro Nacional D. Maria II, o Teatro de S. Carlos, o Teatro Nacional de S. João, a Companhia Nacional de Bailado, ou as orquestras nacionais, pura e simplesmente não existem!
Celebrar contratos com estes organismos culturais, que permitissem realizar a gravação e difusão das produções destas entidades em horário adequado e evidentemente, quando já não se encontrassem em cena, jamais ocorreu à administração da empresa.
Numa época que muitos portugueses não podem aceder por carência económica, ou até por doença - situação particularmente agravada numa população cada vez mais idosa - a qualquer evento cultural, o canal público de televisão recusa-se a cumprir minimamente a sua função primordial de divulgação da cultura portuguesa e limita-se a copiar e mal, o pior que os canais privados difundem.
Veja-se o caso da ópera, em que mais de 95% da população nunca foi ao Teatro de S.Carlos, porém sendo tutelado pelo Estado, todos os contribuintes pagam o seu funcionamento. Não me lembro da televisão pública, nem uma única vez se ter dado ao trabalho de gravar e difundir um espetáculo de ópera! E no Teatro Nacional o cenário é o mesmo!
Para que serve então uma emissora pública de radiodifusão?
Que apagada e vil tristeza!