A TROUXE-MOUXE

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Localização: Portugal

quarta-feira, março 28, 2007

Figuras



Carlos Seixas ( 1704-1742)





José António Carlos de Seixas, foi o mais notável compositor português de música para instrumentos de tecla do século XVIII. Nascido em Coimbra, filho do organista da Sé, ainda com 14 anos de idade foi provido ao lugar do pai por morte deste, mantendo o mesmo salário. Dois anos depois mudou-se para Lisboa, sendo nomeado organista da Igreja Patriarcal ao mesmo tempo que ensinava cravo na Corte. Chegou a Vice-Mestre da Capela Real na altura que Domenico Scarlatti era o Mestre durante o reinado de D. João V. Para além da justa fama de executante virtuoso e apesar de nunca ter saído de Portugal, a qualidade da sua obra deixou perplexo muito recentemente diversas plateias na europa que o escutaram pela primeira vez. De entre as suas composições que chegaram até nós ( o terramoto de 1755 decerto é responsável pelo desaparecimento de muitas outras) destaca-se o Concerto em Lá maior . A sua morte prematura deu~se aos 38 anos de idade, na casa onde viveu junto às traseiras da Igreja de Santo António da Sé. Só o desleixo ou a ignorância mais inconcebíveis podem explicar que passados 300 anos após a sua morte, ainda nenhuma entidade quer do Ministério da Cultura quer da edilidade lisboeta, não tenha ainda assinalado o local onde viveu Carlos Seixas com uma placa alusiva ou elemento escultórico com a dignidade adequada; a conclusão óbvia é que continuamos a ser dirigidos muitas vezes por figuras que revelam a mais absoluta pobreza de espírito.

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quinta-feira, março 22, 2007

O Pessoal Político


Luneta da sala das sessões na A.R. com pintura do mestre Veloso Salgado alusiva à Constituição de 1821.

Quando logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foi necessário escolher cidadãos para o parlamento, autarquias e outros orgãos de Estado, nos partidos políticos houve necessidade de estabelecer um critério de selecção e se embora na altura fosse crucial ter sido oposicionista ao Estado Novo, quer no passado mais ou menos longínquo ou subitamente de forma oportunista, o percurso profissional também entrava em linha de conta e muito boa gente revelou capacidades em momentos difíceis, da esquerda à direita. Porém hoje passados mais de 30 anos após a queda do ancien regime, constata-se que existe uma quebra muito acentuada em matéria da qualidade dos eleitos que são previamente nomeados para as listas eleitorais dos vários orgãos do poder. Para se entender a génese do problema, temos de compreender o funcionamento das estruturas base dos partidos ou seja das chamadas secções. Nestas as estruturas da direcção política priveligiam não os mais capazes mas os mais fiéis e os mais submissos, criando uma rede de apoios e de sindicatos de voto, sempre prontos a impedir que alguém ameaçe o seu pequeno poder e para tal manobram tudo e todos. Tal facto acontece também nas estruturas intermédias ou seja a nível do concelho e do distrito embora com algumas variantes e obviamente muitas pessoas de reconhecida preparação e competência que normalmente têm um espírito independente, são completamente marginalizadas e afastam-se como não poderia deixar de acontecer. Existe uma situação muito peculiar que tem vindo a manifestar-se nos últimos 20 anos e que ocorre com as chamadas juventudes partidárias que permitem que alguns indivíduos cheguem inclusivamente ao parlamento, sem nunca terem tido uma única experiência profissional, são "políticos por necessidade" e pura e simplesmente a única coisa que sabem fazer são discursos e muitas vezes de péssima qualidade e até se permitem chegar à reforma sem que alguma vez fizessem algo de significativo na sociedade onde vivem. Como seria interessante colocar uma câmara de filmar oculta, naquelas reuniões em que se elaboram as listas de deputados para as eleições legislativas! Acontecem situações caricatas como insultos, palavrões, murros na mesa, ameaças, zangas enfim vale tudo para se conseguir um lugarzinho entre os eleitos, as pressões são ali de toda a ordem. Sem mudar a orgânica no funcionamento interno dos partidos, este problema será sempre recorrente e conduz necessariamente à descredibilização de muitos orgãos do Estado e dos seus dirigentes, urge mudar rapidamente esta situação, já é tempo!

domingo, março 18, 2007

Photografias


Museu da E.P.I.

(Escola Prática de Infantaria)


Convento de Mafra




Foto (clicar para aumentar) de Carlos Gomes

domingo, março 04, 2007

Timor. Um Estado Falhado ?



A 17 de Dezembro de 1941 desembarcou em Timor Leste uma força de 300 homens entre ingleses e holandeses, dado que as potências aliadas consideraram que as nossas forças eram absolutamente incapazes de causar a mínima oposição (só havia uma companhia de caçadores com material bélico de museu que serviria quanto muito para ser utilizada como força policial) à prevista invasão nipónica, apesar dos protestos do Governador de Timor e do Estado português. A resposta surgiu de forma atabalhoada com o envio de dois navios para Díli a partir de Lourenço Marques: o "João Belo" transportando um contigente expedicionário (uma companhia de caçadores, outra de engenharia e uma bateria de artilharia ) com a escolta a ser feita pelo Aviso "Gonçalves Zarco" . Quando em 17 de Fevereiro de 1942 o navio de transporte português tinha Díli à vista, foi obrigado a rumar em direcção a Goa, depois do Japão que inicialmente concordara com o envio da força, mudou de ideias e pura e simplesmente proibiu o desembarque das tropas portuguesas. A 19 de Fevereiro os japoneses invadem o território em força e as tropas aliadas em retirada refugiam-se nas montanhas, com a diminuta administração militar e civil portuguesa a ficar totalmente impotente perante o sucedido. A ocupação japonesa terminou em 5 de Setembro de 1945 e só a 27 de Setembro chegaram as primeiras forças militares portuguesas após o fim da guerra com os navios "Gonçalves Zarco" , "Angola" e "Sofala". Ainda no decurso da 2ª Guerra Mundial o embaixador dos EUA em Lisboa George Kennan, ficou perplexo com a obstinação de Salazar em recuperar a todo o custo o pequeno território de Timor Oriental, ignorando o subdesenvolvimento de Portugal e o apoio que a América poderia proporcionar-lhe quando negociava a concessão de facilidades aeronavais nos Açores. Retomada a soberania lusitana, a administração colonial pouco fez de assinalável pelo território, até que em 1975 no contexto de independência das colónias que se seguiu à revolução de 25 de Abril , a Indonésia invade Timor Oriental, sem que a pequena força armada existente no território oferecesse qualquer resistência, tendo-se antes refugiado na ilha de Ataúro, aliás diga-se de passagem tomando uma posição algo similar aquela ocorrida com o nosso pequeno destacamento militar ali presente em 1941 e 1942.
A Indonésia utilizou uma política de extrema dureza na administração de Timor Leste por forma a apagar qualquer veleidade oposicionista local que culminou em 1991 com a matança de 271 civis no Cemitério de Santa Cruz. Em 2002 por forte pressão das Nações Unidas e de alguns países com Portugal à cabeça onde se criou um ambiente de quase histeria colectiva para o qual os media tiveram um papel decisivo, Timor Leste acedeu à independência depois de um referendo que deu uma larga maioria por essa causa. Cinco anos depois a desilusão é quase total, senão vejamos: a instabilidade política e a insegurança reinam com facções locais de origem étnica oposta a degladiarem-se constantemente. A administração timorense revela uma incapacidade total para gerir os assuntos correntes, chegando ao ponto de por várias vezes o primeiro ministro Ramos Horta ameaçar demitir-se, isto apesar dos apoios internacionais ao governo de Dili. Depois de avultadas somas investidas na formação de uma força policial timorense, esta pura e simplesmente não consegue actuar e quando a desordem chega ás ruas, acaba sempre por serem os militares australianos a terem de intervir juntamente com a GNR e a PSP. O desemprego no território ultrapassa os 50% e uma parte significativa da população jovem prefere a inactividade a qualquer iniciativa de trabalho produtivo ou seja não existe uma economia minimamente sustentada, tudo se limita à subsistência mais elementar. Portugal tem em Timor 143 efectivos da GNR e 57 da PSP, para além de um número muito significativo de professores tendo o governo timorense solicitado o reforço da GNR, . Por outro lado na Austrália já é corrente nos media e no governo a opinião que Timor Leste é um estado falhado, sem capacidade de auto-governação e completamente dependente do financionamento externo a título gracioso e de forças internacionais para manter a ordem pública. Mas o mais grave é que os dirigentes timorenses habituaram-se à mais absoluta dependência do exterior, com os governos de Lisboa a satisfazerem sempre integralmente tais solicitações quando o território na história portuguesa teve sempre uma importância marginal pouco mais foi que um local de desterro e degredo de condenados por crimes graves - ao contrário de Goa na Índia onde se desenvolveu uma cultura Indo-Portuguesa - e chegou-se ao cúmulo de Timor independente ter mais militares portugueses do que acontecia quando era uma simples colónia. É pouco crível que Timor Oriental venha a ser uma país independente de facto, o mais provável é vir a ser um protectorado australiano, isto se não quiser cair na órbita da Indonésia.

sexta-feira, março 02, 2007

Uma Vitória de Pirro



Uma coligação de interesses muito particulares, impediu que o mercado se pronunciasse sobre a Oferta Pública de Aquisição da Sonaecom à Portugal Telecom, quando 46,58 % dos accionistas presentes - ou seja menos de um terço do total - votaram contra a desblindagem dos estatutos, na assembleia geral da empresa. Na minoria de bloqueio existe uma entidade com particular responsabilidade neste processo, trata-se do Estado que ao possuir 500 acções com direitos especiais denominadas de golden share, bem como por ser ainda detentor da participação de 5,1 % do capital da PT através da Caixa Geral de Depósitos, foi protagonista do mais insólito que se possa imaginar; fazendo alarde da mais suprema neutralidade o representante daquelas acções decidiu abster-se mas por sua vez já o representante do Banco do Estado optou por votar contra a desbindagem ! Qualquer observador externo até poderia ter ficado com a sensação que se tratavam de Estados diferentes, na prática o poder público atingiu aqui o nível mais absoluto da incoerência e do rídiculo e pior que tudo deixou a pairar uma onda de desconfiança no mercado para situações futuras. Afinal para que serve ou a quem serve a Caixa Geral de Depósitos ? Fará sentido em 2007, num país da União Europeia que um estado membro detenha na totalidade um banco comercial em concorrêncial virtual com a banca privada?
Aqueles que exultaram com o bloqueio à livre decisão dos accionistas, parecem não ter ainda adquirido a noção que tudo mudou no panorama das telecomunicações em Portugal, como a separação anunciada das redes de cabo e de cobre, ou a consequência directa do pânico instalado na PT e na sua administração que se traduziu na promessa de distribuição colossal de dividendos aos accionistas nos próximos anos, a anunciada compra de acções próprias a curto prazo, a promessa da continuação da aposta no imprevísivel e arriscado mercado brasileiro, tudo isto vai levar à fragilização da empresa, à diminuição do investimento num sector em constante mutação tecnológica sem que apesar de tudo consiga impedir que dentro de um ano, uma nova operação se venha a repetir. O mercado e os pequenos accionistas perderam muito mais do que dinheiro, perderam a confiança e a motivação para investir no futuro próximo, a Sonae apesar dos custos da operação de lançamento da OPA, sai intacta ao contrário da PT que sofrerá a breve trecho uma divisão que lhe trará infalivelmente consequências, assim o pequeno grupo do bloqueio liderado pelo BES limitou-se a obter uma vitória de Pirro, é que ninguém duvide a próxima batalha segue dentro de momentos ...