A TROUXE-MOUXE

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Localização: Portugal

segunda-feira, julho 28, 2014

A 3.ª República Moribunda.

Já não é mais possível ocultar o estado  de profunda degradação do atual regime político em Portugal - a 3.ª República - e o recente episódio da falência do Grupo Espírito Santo é  gota de água, que muitos acreditam irá fazer extravasar o copo.

Falo disto com mágoa como convicto republicano que sou, mas  a última atitude a tomar, seria fazer de conta que o rei não vai nu, quando toda a gente constata o contrário.

Vejamos então os sítomas mais evidentes do descalabro, que grassa no Estado português: 

1) Conflitos constantes entre orgãos de soberania. O governo acusa o Tribunal Constitucional de ser força de bloqueio às reformas e por sua vez este último acusa o executivo de desrespeito absoluto pela Constituição. Também existem conflitos entre o Presidente da República e o Parlamento, bem como entre aquele e os partidos políticos.

2) Descrédito total da classe política perante a população em geral. Quando os membros do governo saem para o exterior, o trajeto e os contatos com a população são previamente objeto de avaliação, perante o risco sempre elevado de serem objeto de insultos e de vaias. Preferencialmente as cerimónias públicas são realizadas em recintos fechados e em que os assistentes possam ser controlados pelos organizadores. De igual modo a estrutura de apoio da presidência da república atua de forma ainda mais cautelosa, ou não fosse o atual detentor do cargo, o mais impopular de todos os presidentes.

3) No mundo empresarial público e privado, onde a promiscuidade com os detentores dos cargos políticos é mais visível, a decadência económica tornou-se viral. 

a) BES / GES - Este grupo económico sempre manteve um forte relacionamento com os detentores do poder político - leia-se com aqueles que governaravam - através de integração destes nos seus quadros, ou em sentido inverso, em que o pessoal da sua estrutura transitava para os governos, ou seja a promiscuidade entre a política e os negócios era total. Como é que um membro do governo podia ter independência e imparcialidade no desempenho das suas funções, quando ainda há pouco tempo gravitava na órbita de um dos principais grupos económicos de um país pequeno como o nosso? Hoje o GES está insolvente e o banco BES encontra-se em sérias dificuldades; o banco privado do regime sangra abundantemente e já está a contagiar negativamente a bolsa de valores, bem como empresas e particulares.

b) Caixa Geral de Depósitos (C.G.D.) - O banco público do regime, que se transformou num local de eleição para políticos em fim de carreira, possui uma estrutura pesada e pouco eficiente. Como tal não é de admirar que pratique juros para os clientes - particulares ou empresas - com montantes acima dos seus concorrentes privados, o que é um verdadeiro escândalo. Quando se constatou a necessidade de criar uma estrutura financeira para apoiar decididamente as pequenas e médias empresas, através da concentração dos fundos europeus estruturais e de desenvolvimento, logo de percebeu que a Caixa era totalmente incapaz de o fazer, pelo recorreu-se à criação de um novo banco público grossista - a Instituição Financeira de Desenvolvimento (I.F.D.) . A inutilidade para o país começa a revelar-se na sua totalidade. E para cúmulo descobriu-se que este banco público financiou o grupo GES em 300 milhões de euros, o que certamente levará lhe causará um prejuízo avultado, mas quanto a detalhes e explicações sobre esta situação, o silêncio é total.

c) Portugal Telecom (P.T.) - A perplexidade no país (e não só) bem como dos mercados sobre o verdadeiro mistério, que constitui o investimento de 897 milhões de euros da P.T, no G.E.S. E tudo isto à revelia da empresa brasileira Oi , com a qual a P.T. se encontra em processo de fusão. O resultado foi que a P.T. desvalorizou drasticamente na bolsa de valores. Mais um empresa do regime em apuros...

d) T.A.P /Air Portugal - Foi uma empresa de referência no transporte aéreo, hoje não cumpre horários, nem tão pouco voos programados. Sendo uma empresa pública está impedida pelo direito comunitário de receber fundos do Estado, pelo que como tem registado prejuízos consecutivos na sua exploração, tem recorrido invariavelmente ao crédito bancário, criando assim uma dívida pesada e naturalmente obrigada a pagar montantes elevados de juros. A empresa precisa urgentemente de renovar a frota (não a conta-gotas) por forma a baixar custos, é que os aviões novos são bem mais eficientes; mas para isso precisa de investimentos que o Estado não tem, nem terá a curto prazo. Enquanto isso a empresa degrada-se nas contas, no serviço e na imagem que passa para a opinião pública. A juntar a tudo isto muitos quadros qualificados emigraram, deixando a companhia com  falta de recursos humanos qualificados. O governo nem privatiza, nem reestrutura, fica antes em reflexão profunda...


A Constituição de 1976 que já foi objeto de 7 revisões, levou à formação de 19 governos até ao atual, num horizonte temporal de 38 anos; o que dá uma média de 2 anos de longevidade por cada governo! Em matéria de estabilidade governativa está tudo dito! Quanto aos resultados em matéria de dívida pública, emprego, crescimento e bem estar da maioria da população, a situação está à vista de todos! Esta Constituição já não tem mais revisão possível, a sua fórmula política está desadequada no tempo e no seu conteúdo. Os poderes do parlamento, do governo e do presidente da república estão desajustados e já não permitem a consagração do princípio da separação de poderes de uma forma equilibrada. Até ao surgimento de uma 4.ª República, precedida evidentemente por uma assembleia constituinte eleita democraticamente, continuaremos a assitir ao estertor doloroso e clangoroso do regime atual.  

quarta-feira, julho 23, 2014

A Barbárie do Abate do Avião da 'Malaysia Airlines'.

O abate de um avião Boeing 777 da Malaysia Airlines por um míssil terra-ar SA 11 lançado a partir de uma plataforma móvel com radar Buk-M1 custou a vida a 298 pessoas, que viajavam a bordo daquele avião comercial num voo de ligação entre a Holanda (Amsterdão) e a Malásia (Kuala Lampur).

O ataque ao avião comercial teve lugar no leste da Ucrânia numa área controlada pelos separatistas pró-Rússia, que dispõem de armamento sofisticado fornecido por Moscovo, mas com graves insuficiências no seu manejo e treino. Ao que tudo indica uma unidade de lançamento Baku-M1  estacionada na Ucrânia oriental e manejada por tropas ucrânianas pró-russas identificou um avião em voo no radar, mas erradamente considerou-o como sendo hostil. Ou seja como se tratasse de um aparelho ucraniano em ação de combate e como tal a tripulação do veículo não hesitou em disparar um, ou dois mísseis SA11. A tragédia estava consumada.

O sistema Buk-M1 pode funcionar de forma autónoma, ou ligado em rede a um sistema de controlo do espaço áereo. No caso presente a bateria de mísseis antiaéreos estava a operar em modo autónomo, ou seja sem conhecimento prévio do tipo de aviões que sobrevoavam a região. Há informações, que a tripulação do veículo até acreditou inicialmente, ter abatido um aparelho de transporte militar Antonov 26. A lógica foi disparar sobre tudo o que mexe, mais concretamente neste caso sobre tudo o qu voa.

E quem forneceu aos rebeldes ucranianos pró-russos tal equipamento? Única e exclusivamente a Rússia.

É da mais absoluta irresponsabilidade fornecer equipamento deste ultrasofisticado e letal, a um grupo de rebeldes, rufias de rua, ou milícias. Armamento deste nível só pode ser utilizado por um estado soberano e civilizado!

Este equipamento tem um alcance letal até uma altitude de 25km, o que é uma verdadeira ameaça à aviação em geral, se cair em mãos erradas. Por exemplo a Síria dispõe de diversas baterias deste tipo, se em resultado da guerra civil em curso os radicais sunitas capturarem qualquer unidade deste género, rapidamente será enviada para o Iraque para ser operada pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria).

Nota:
Foto superior - o sistema antiaéreo Buk-M1 pronto a ser utilizado.
Foto inferior - consola do comando da plataforma Buk-M1; é visível o radar aéreo do veículo.

domingo, julho 20, 2014

"Deutschland Uber Alles". *

Uma vez já passada a espuma dos dias do Mundial de Futebol no Brasil, é tempo de fazer um reflexão serena e clarividente sobre o sucedido a nível desportivo e até fazer uma extrapolação para outras áreas de atividade.

A Alemanha venceu a Copa do Mundo com mérito absoluto e de forma muito expressiva, convirá ainda acrescentar, que tal não se deveu ao acaso, ou a obra da sorte.

Os germânicos aprendem desde crianças, que para conseguirem vencer em qualquer área é decisivo obedecer aos seguintes conceitos:

- Aprendizagem qualificada e exigente.

- Organização meticulosa e eficiente.

- Planeamento (planejamento) detalhado e rigoroso.

- Disciplina no trabalho.

- Responsabilização proporcional ao nível das funções exercidas.

- Tomada de decisões de acordo com critérios racionais e objetivos.

- Atribuição de prémios ou compensações, em caso de desempenho acima da média.


Por cá muita gente abomina estes desígnios, sem entender que no mundo atual só é possível sobreviver atuando assim, pois caso contrário inevitavelmente qualquer um acabará esmagado pela concorrência exercida pelos melhores, quer se trate de pessoas, empresas, ou nações. Hoje estamos todos em concorrência global, por muito desconfortável que tal nos possa parecer!

* Nota : A expressão teutónica " Deutschland Uber Alles" (Alemanha Acima de Todos)  tem sido objeto de interpretações e traduções muito variadas e também algumas muito polémicas. Esta expressão data de 1841 da autoria de August Hoffman von Fallersleben. Durante o III Reich os nazis apoderaram-se dela para a utilizarem no hino nacional e após o fim da guerra os Aliados atribuíram à expressão um significado de desejo expresso de superioridade e domínio mundial e como tal proibiram-na de aparecer no novo hino da República Federal. Finalmente alguns historiadores fazem notar, que no século XIX a Alemnha encontrava-se retalhada em diversos reinos e pricipados, pelo que a expressão denota antes um desejo de unificação de territórios fragmentados. 

sexta-feira, julho 11, 2014

O Parlamento Europeu, ou Um Circo Ambulante.

Poderá parecer à primeira vista, que o título deste texto tenha algo a ver com um insulto gratuito ao Parlamento Europeu, mas nada disso! A situação atual é mesmo essa, as reuniões da câmara de deputados europeus têm lugar umas vezes em Bruxelas, outras vezes em Estrasburgo, cidade situada no nordeste da França, bem próximo da fronteira alemã.

Imagine-se a operação logística que é necessário implementar uma vez por mês, para a movimentação de Bruxelas para Estrasburgo e ida e volta, em documentação, equipamentos e pessoal de apoio, por forma a permitir o funcionamento de um parlamento com 751 deputados provenientes de 28 estados membros! Trata-se evidentemente de um círco ambulante com um custo abismal - cerca de 130 milhões de euros/ano - e com a particularidade da França poder vetar uma eventual peoposta de racionalização, que passasse pela fixação definitiva do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

O que diria a opinião pública norte-america se o Congresso dos E.U.A. realizasse as suas sessões, uma vez em Washington e outras em Nova York, ou no caso do Brasil o respetivo Congresso Nacional se reunisse umas vezes em Brasília e outras vezes por exemplo, em São Paulo? Quer nos Estados Unidos da América, quer no Brasil as opiniões públicas destes países jamais aceitariam uma tal barbaridade irracional! Na União Europeia à exceção de alguns, a maioria dos países membros aceita pateticamente a situação vigente...

sábado, julho 05, 2014

Cristiano Ronaldo + 10, ou a Seleção Portuguesa (de Futebol).

A seleção portuguesa de futebol no Mundial do Brasil revelou que, um grupo de jogadores em torno de um "craque" não faz propriamente uma seleção.

A equipa de Portugal foi vítima do vedetismo. da desorganização e da mais confrangedora incompetência!

Alguns episódios reveladores:

- A conferência de imprensa antes do primeiro jogo com a Alemanha começou com 1 hora de atraso, em total desrespeito pelos jornalistas e pela opinião pública em geral. Aliás o treino nesse dia tinha começado também com 20 minutos de atraso.

- O total descontrolo emocional em situações de contato físico mais violento, situação que levou à expulsão do jogador Pepe; esta situação é reveladora de falta de liderança.

- Absoluta inexistência de um fio de jogo consistente, ou de uma estratégia ofensiva, ou defensiva digna desse nome.

 - Incapacidade do treinador em comunicar para dentro do campo e fazer-se entender pelos jogadores.

- Um treinador palavroso com uma linguagem confusa e sempre a desculpar-se do sucedido.

A desorganização e o descontrolo foram de tal ordem, que mais parecia tratar-se de uma seleção dirigida ...por anarquistas.