A TROUXE-MOUXE

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Localização: Portugal

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A Dança das Urgências



A recente publicitação da reestruturação da rede de serviços de urgência merece uma reflexão prévia, sobre o passado neste sector por forma a avaliar as propostas em discussão. Muitos das denominadas urgências existentes em vários pequenos hospitais espalhados pelo país, de urgência só têm o nome pois no que concerne à capacidade de intervenção, esta é muito limitada, uma vez que lhes faltam meios auxiliares de diagnóstico eficientes e pessoal técnico com treino e experiência que permita uma resposta adequada. Acontece que tais serviços apareceram nesses hospitais numa época em que o diagnóstico estava pouco mais que limitado à mera observação do doente pelo médico e por negligência da tutela política do sector da saúde, esses estabelecimentos hospitalares quase nunca sofreram investimentos de modernização do seu equipamento e menos ainda existiu qualquer programa de gestão de pessoal que permitisse suprir as carências nesse sector. Mas o mais grave é que hoje a solução possível é saber optar entre o medíocre e o mau; o défice de médicos e enfermeiros agrava-se e apesar dos aumentos raquíticos no número de vagas nas pouquíssimas faculdades de medicina existentes, constata-se que a idade média dos clínicos é elevada e que os novos formandos não conseguem nem sequer compensar os profissionais que saem do sistema por limite de idade, ou seja o problema agrava-se. As populações próximas da fronteira espanhola sentem-se particularmente revoltadas pois conhecem os serviços de saúde do país vizinho onde a corporação da saúde não manda no sector e fazem as comparações inevitáveis, acabando por descobrir que do lado de lá a qualidade dos serviços prestados é superior, os impostos são mais baixos e os salários mais elevados. Poder-se-á evidentemente sempre recorrer a dourar a pílula ao estabelecer três níveis de serviço de urgência (SU), a saber: Serviço de Urgência Polivalente (SUP), Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e Serviço de Urgência Básico (SUP) de facto este último não aparece por mero acaso. Em muitos episódios de urgência um número de casos muito significativo fará com que os doentes acabem por serem enviados inevitavelmente para hospitais distritais como é mais do que óbvio e faço votos para que situações inacreditáveis de doentes tratados como bolas de ping-pong entre unidades hospitalares devido à anarquia reinante nalgumas direcções regionais, deixe de vez de existir.

Voltaram os buracos

O impensável aconteceu, a degradação do pavimento de muitas ruas de Lisboa é bem vísivel para condutores e peões; os buracos proliferam - com a agravante da tal suceder numa altura em que os impostos aumentam - colocando em risco acrescido a circulação de viaturas e de transeuntes, quando já há alguns anos a cidade parecia que tinha resolvido de vez este problema, através de uma manutenção regular da sua rede viária. Como é possível esta situação numa capital de um país membro da União Europeia e a pouco tempo de assumir a presidência desta organização?

domingo, fevereiro 11, 2007

Um Referendo Mais ...


Já se contabilizam em três, o número de referendos efectuados e curiosamente todos eles não foram vinculativos, pela simples razão que não conseguiram mobilizar a maioria dos portugueses a comparacer nas mesas de voto. Nem a regionalização nem a despenalização do aborto tiveram o efeito que muitos esperavam na participação dos eleitores; acontece que Portugal não é propriamente a Confederação Helvética e a metodologia utilizada nos debates e no esclarecimento dos cidadãos, pelo seu radicalismo e dogmatismo afastaram muita gente.

sábado, fevereiro 10, 2007

Photografias



As primeiras viaturas blindadas autometralhadoras em Portugal eram de construção nacional datando do princípio dos anos 30, com base em chassis de camiões Fiat de 1500 Kg, sendo o projecto da autoria do Capitão de Engenharia João Eugénio e do Tenente Gonçalves e curiosamente não se destinaram ao Exército mas sim à GNR, tendo como missão principal a manutenção da ordem pública. As revoltas militares de 1927 e de 1931 constituíram um sério aviso ao Estado Novo com duelos de artilharia, de metralhadoras pesadas e mesmo bombardeamentos aéreos. Tais ameaças não foram ignoradas, pelo que foi adquirido diverso equipamento militar por forma a aniquilar qualquer tentativa insurreccional pela oposição militar ou política.

Cinema Europeu



Cartaz, 1953






É quase inexplicável que o cinema europeu continue sem a mínima capacidade de afirmação a nível mundial e mais grave ainda é que acontece o mesmo no seu próprio espaço cultural. Confinado ao pequeno território nacional de cada estado, a cinematografia do velho continente não consegue ganhar massa crítica para se projectar com o dinamismo e a inovação necessários. Resta-nos o cinema de autor, também ele já praticamente desaparecido e neste âmbito em particular um realizador / actor já desaparecido, refiro-me a Jacques Tati ( 1908-1982). O seu requintado sentido crítico impregnado de um humor inteligente, revela-nos o mais rídiculo que existe no comportamento humano e tem um inegualável cunho made in europe com a característica singular de quase não existirem diálogos, permitindo assim ao espectador não ficar condicionado pela barreira da língua materna. A figura de Monsieur Hulot com os seus inseparáveis, cachimbo, gabardine e guarda-chuva, é inesquecível e constitui uma marco na história do cinema.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Um Livro Imprescindível


O livro "Um Herói Português" é muito mais que uma simples biografia de Henrique Paiva Couceiro (1861-1944) , trata-se de uma obra fundamental para compreender o séc. XX português e em particular o papel de África na sociedade portuguesa como uma janela de oportunidade para a ascensão e afirmação pessoal de muitos deserdados, uma vez que o exíguo território europeu e o mais que paupérrimo mercado de trabalho nacional estava saturado de candidatos que não encontravam qualquer oportunidade profissional que assegurasse a subsistência. A Campanha de Angola em 1889 e as duas em Moçambique no ano de 1895 revelam a singularidade do nosso império colonial, com uma absoluta falta de recursos humanos para administrar vastíssimos territórios, em que a colonização em massa e a efectiva ocupação e permanência só se realizou verdadeiramente no começo dos anos 60 do séc.XX. Ou ainda o monumental falhanço das incursões monárquicas de 1911 e 1912 permitem conhecer a verdadeira natureza dos mais acérrimos defensores quer da monarquia quer da república. Vasco Pulido Valente por vezes é objecto da crítica fácil ao acusarem-no de um pessimismo militante, contudo o seu profundo conhecimento da história portuguesa permite-lhe compreender uma verdade que escapa a muitos, é que a maioria dos factos da nossa actualidade económica e social não passam de uma situação déjà vu embora mascarados com nova roupagem .