A TROUXE-MOUXE

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terça-feira, junho 23, 2009

A Ocultação

Hoje veio à luz da ribalta a notícia proveniente da Direcção-Geral do Orçamento que a receita fiscal já caiu 20,7% até Junho, tendo por seu turno a despesa aumentado 4,2%. Com o afundamento da actividade económica, o aumento da despesa não parece ser coerente com a realidade actual, pois peca manifestamente por defeito.

Com este panorama a agravar-se até ao final do ano, imagine o leitor o valor do défice no final do corrente ano; porém até às eleições legislativas os dirigentes políticos vão ocultar em absoluto a situação financeira e sobretudo as medidas duras e anti-populares que têm em mente uma vez vencedores do escrutínio para a Assembleia da República. Logo após a divulgação do valor do défice público, a Comissão Europeia irá abrir um processo contra Portugal por défice excessivo, com o futuro governo - seja ele qual for - a cortar novamente na despesa e no investimento. Seguir-se-á a inevitável contestação social bem superior à actual, perante um governo com uma pequena maioria relativa e extremamente frágil; decididamente o ano 2010 promete vir a ser politicamente muito instável ! Os sinais são tão claros que já nem há lugar a qualquer benefício da dúvida quanto ao futuro próximo.


Por sua vez elaborar o orçamento para o próximo ano, vai ser tarefa digna de um sado-masoquista tal é natureza do caminho que tem pela frente e com um grau de liberdade de actuação muito limitado. Nos impostos sobre o trabalho já não é possível aumentá-los mais, restam os impostos indirectos cuja incidência se ultrapassar mesmo um pequeno limite, irá restringir ainda mais a actividade económica.

domingo, junho 14, 2009

"Equador" - Série Televisiva

Como é de quase todos conhecido, a acção do romance histórico Equador situa-se no início do século XX, mais propriamente entre 1905 e 1908. Por definição este tipo de obra literária requer algum rigor histórico, porém quem tem por hábito assistir à emissão da TVI, certamente já reparou na fantasia que é o guarda roupa da série. Personagens assim vestidas na época só em Paris, e no Champs-Élysées ou em Viena, Berlim ou Londres.

Portugal nessa época era um país marcadamente pobre e rural e se até em plena capital as fotos da época são inequívocas quanto aos costumes e hábitos do tempo, com uma indumentária muito básica ou até espartana mesmo dos mais afortunados. Por maioria de razão numa colónia minúscula e irrelevante, esse aspecto ainda era mais evidente. A série neste e noutros aspectos está marcadamente "abrasileirada", fazendo lembrar as grotescas novelas do país irmão, em que se a fantasia correspondesse à realidade, o Brasil seria bem mais próspero que o Abu Dabi.

Um átomo de rigor histórico, será que é pedir muito?

quarta-feira, junho 10, 2009

(Finalmente Um) Veto Presidencial Bem Aplicado.

O veto do Presidente da República à lei de financiamento dos partidos políticos, tem todo o sentido uma vez que a nova lei aprovada por esmagadora maioria no Parlamento - só o deputado José Seguro do PS votou contra - consagrava o melhor dos dois mundos, por um lado permitia o financiamento privado até valores exorbitantes e por outro aumentava significativamente o público, o que é verdadeiramente inaceitável em especial na época que atravessamos.

Permitia assim que os interesses privados na prática "adquirissem participações" na decisão política e por outro conduzia a uma autêntica rapinagem aos fundos do Estado para as campanhas partidárias.
A nova lei surgiu aparentemente para resolver " o problema do PCP ", com o financiamento através da Festa do Avante, facto que foi logo aproveitado por todos os partidos incluindo aquele, para aumentar o respectivo quinhão do bolo do orçamento; só assim se entende uma tão esmagadora aceitação parlamentar deste diploma. Pudera ...

Voto Punitivo

As recentes eleições para o Parlamento Europeu evidenciaram mais que tudo, um voto de severa punição ao Partido Socialista - 26,58% - pela sua política governativa e também uma vitória raquítica do Partido Social Democrata - 31,70 % -, neste caso muito abaixo da meta dos 35% , considerado como valor mínimo de referência para uma vitória consolidada, convirá referir ainda que em 2005 Santana Lopes perdeu as legislativas com 28,77 % .

Facto absolutamente notável foi a explosão dos votos brancos e nulos que passaram de 134 000 em 2004 para 235 000 - 6,6 % dos votos expressos - e constitui uma forma de protesto generalizado ao desempenho de todas as forças partidárias.

Finalmente a declaração mais sensata relativamente às razões da derrota humilhante do PS, vieram de Ana Gomes que declarou " (...) Há segmentos da população que estão descontentes, porque a governação do PS beliscou o interesse dessa população ."

Sábias palavras...


Post Scriptum - Os 22 eurodeputados portugueses num universo de 736 são absolutamente insignificantes, e se tivermos em mente a forma como decorreu o debate político o que indicia a qualidade dos eleitos, então o panorama é ainda mais desolador.