O ministro das Obras Públicas, sustentou que a ligação Porto-Vigo em comboio de alta velocidade (TGV) vai entrar em funcionamento em 2013 ou seja ao mesmo tempo que as ligações Lisboa-Madrid e dois anos antes de Lisboa-Porto . Qualquer pessoa minimamente informada sabe que isso é completamente impossível, quer por incapacidade financeira do Estado apesar das contrapartidas comunitárias quer por incapacidade técnica das empresas nacionais dada a falta de know-how nesta área , uma vez que só meia dúzia de empresas a nível mundial detêm a tecnologia do sector . Para aqueles que me queiram acusar de descrença ou pessimismo, faço notar que centenas de milhões de euros e de décadas depois, a linha férrea do norte - ou seja aquela que liga Lisboa ao Porto, a mais prioritária do País - ainda não tem o seu programa de modernização terminado, de tal forma que o Alfa Pendular só consegue atingir a velocidade maxima em troços muito curtos devido a condicionantes da via. A ligação a Vigo em alta velocidade é um monumental disparate pois a distãncia de 210 km é indicada quanto muito para uma do tipo de composição pendular; por outro lado a de Lisboa ao Porto não faz sentido quando os investimentos quer na via quer no material circulante ainda não foram minimamente optimizados para as suas capacidades de operação, muito longe disso. A única que faz sentido dada a distância e sobretudo a possibilidade de junção à rede europeia de alta velocidade, é a ligação à capital espanhola e certamente também a única a ser concretizada embora com a estimativa do preço dos bilhetes a situar-se no intervalo entre os 80 e 100 €.
Assim a megalomania presente nas palavras do ministro, só pode ser entendida como o sonho de um país pobre que inibriado pela miragem de uma riqueza que jamais teve, tem como única vantagem permitir-nos suportar ilusòriamente melhor, o dia a dia da mais angustiante penúria.
Última hora: um ex-autarca de Faro veio anunciar que vai apresentar queixa à Comissão Europeia contra o governo, pelo facto de o Algarve não estar incluído na rede nacional de TGV. Um dia destes ainda iremos assistir a algum outro distinto autarca a solicitar a criação de um TGV Regional, por cá dizer disparates de facto faz parte do chamado direito consuetudinário, a ignorância é muita e conduz definitivamente ao rídiculo!
