A TROUXE-MOUXE

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domingo, dezembro 24, 2006

As Viaturas dos PRs - Exposição



AS VIATURAS DOS PRESIDENTES DA REPÚBLICA



Em boa hora o Museu da Presidência da República levou a cabo uma exposição na Estação Ferroviária do Rossio em Lisboa, tendo como temática as viaturas utilizadas pelos titulares do cargo de Chefe do Estado desde 1910 até à época actual. Como modelos mais emblemáticos do evento e certamente os mais valiosos, podemos observar à esquerda o sumptuoso Rolls Royce Phantom III com 7340 cm3, 12 cilindros em V atingindo os 146Km/h, foi adquirido em 1956 para ser utilizado no ano seguinte pela rainha Isabel II na sua visita a Portugal. Várias personalidades mundiais nele viajaram, a saber: Dwight Eisenhower, Kubitschek de Oliveira, os Papas Paulo VI e João Paulo II. À direita temos o potentíssimo Mercedes Benz 770 "Grosser" adquirido em 1937 tinha a particularidade de ser blindado(*), com 7650 cm3 de cilindrada, dispunha de 8 cilindros podendo atingir cerca de 150 Km/h e este veículo em particular foi atribuído ao Presidente Óscar Carmona que pouco o utilizou, uma vez que só tem contabilizados cerca de 10 000 km no respectivo conta-quilómetros. António de Oliveira Salazar possuía para seu serviço uma viatura idêntica aquela do Presidente Carmona , à qual tinha particular aversão pois receava que a tomassem como uma oferta pessoal de Adolfo Hitler, tal como sucedera com o Gen. Franco. Mais de 6000 pessoas passaram pela exposição, pelo que o Museu da Presidência da República está de parabéns e realizar um evento deste tipo não é tarefa fácil, uma vez que alguns dos automóveis presentes fazem parte de colecções particulares que nem sempre se encontram disponíveis para realizações desta natureza.
(*) A aquisição das duas viaturas blindadas Mercedes Benz 770, deveu-se ao facto de em Julho de 1937 António de Oliveira Salazar ter sofrido um atentado à bomba na Rua Barbosa do Bocage em Lisboa do qual saiu ileso, perpetrado por um comando anarquista.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Votos de Boas Festas e Feliz Natal !

Natal na Sé Catedral de Lisboa






Olhei para o Céu
Estava estrelado,
Vi o Deus Menino
Em palhas deitado,
Em palhas deitado
Em palhas ‘stendido (‘squecido)
Filho duma Rosa,
Dum Cravo nascido.

(Refrão do Natal de Elvas - Cancioneiro Popular Português)

terça-feira, dezembro 12, 2006

Demolido o antigo edifício do Centro de Aviação Naval de Lisboa

Fairey IIID "Lusitânia" na rampa do C.A.N. do Bom Sucesso em 1922. O imóvel recentemente demolido, é o que se observa à direita do hangar.








Causou-me profunda tristeza misturada com muita indignação quando no passado dia 3 de Dezembro desloquei-me à Doca do Bom Sucesso e verifiquei que tinha sido demolido o velho edifício sede do antigo Centro de Aviação Naval de Lisboa e uma pequena placa no local informava que iria ser construída ali uma unidade hoteleira. Nada tenho a opor quanto à construção de hoteis - antes pelo contrário - porém acontece que relativamente perto existiam vários locais alternativos e não entendo a razão pela qual o imóvel foi alienado pelo Ministério da Defesa, uma vez que ali funcionou até alguns anos uma Base da Marinha bem como da permissão por parte da Administração do Porto de Lisboa e sobretudo do IPPAR qual guardião do templo de tudo quanto tem valor patrimonial em Portugal, quando apesar daquela construção não ter um valor arquitectónico, tinha em compensação um alto valor simbólico e evocativo da memória da nossa história militar em geral e da Aviação Naval em particular. Senão vejamos : o Centro de Aviação Naval instalou-se no Bom Sucesso com a chegada em 14 de Dezembro de 1917 de dois hidros FBA destinados à Marinha Portuguesa. Em 27 de Maio de 1919 ali chegaram os tripulantes norte-americanos da 1ª Travessia do Atlântico Norte comandados por Albert C. Read com o seu aparelho anfíbio Navy Curtiss NC-4, vindos de Rocaway Beach no estado de Nova York com escala na Terra Nova e nos Açores. Depois em 30 de Março de 1922 Gago Coutinho e Sacadura Cabral partiram do Centro Naval do Bom Sucesso no Fairey IIID " Lusitânia" para a iniciar a longa Travessia do Atlântico Sul rumo ao Brasil. Em 1933 ali chegou Charles Lindbergh - o herói do voo solitário Nova York / Paris - desta vez aos comandos de um hidro Lockheed 8 Sirius e muitas outras figuras da aviação mundial por ali passaram. E como os últimos são os primeiros, convirá referir que o Centro do Bom Sucesso foi durante largos anos - até 1953 - um dos polos mais importantes da nossa Aviação Naval que embora pequena em número foi grande em ambição e realizações pelo mundo inteiro. Dos tempos épicos da Av. Naval só resta ainda - de certo não por muito tempo dada a fúria destrutiva prevalecente - uma velha grua junto à doca que foi utilizada para içar os hidroaviões para os hangares então existentes. Esperava que as autoridades militares e em particular a Marinha bem como as entidades com ligação directa com a área cultural, viessem defender aquele espaço não numa perspectiva imobilista mas com propostas que poderiam até passar por dar ao imóvel em questão uma ocupação para restauração e hotelaria em regime de concessão atribuído por concurso por duas décadas por exemplo com a inerente reabilitação do edifício e que permitisse à população a fruição plena daquele local mas talvez por os primeiros estarem mais preocupados com as reformas e outras regalias objecto de recente limitação e as segundas pelo tradicional imobilismo e apatia, não se ouviu nem de uns nem de outros uma única voz. Os defensores da identidade nacional hibernaram e a sociedade civil desapareceu, enfim é o que temos; vem-me à memória um caso semelhente em Espanha na Base de Pollensa em Maiorca nas Baleares que se mantem em actividade e bem preservada ou ainda quando em 1986 assisti à amaragem em pleno rio Tejo de um dos dois hidroaviões Catalina vindos dos EUA, após efectuarem um voo transatlântico em comemoração da travessia do Comandante Reed...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Os Voos da CIA e a Comissão do P.E !

LearJet C-21A -USAFE
Uma Comissão do Parlamento Europeu presidida pelo eurodeputado Carlos Coelho que pretende investigar os voos da CIA - no transporte de prisioneiros islâmicos integristas - deslocou-se a Lisboa com a finalidade de se reunir com as autoridades portuguesas e algumas personalidades nacionais sobre a ocorrência deste tipo de actividades da agência norte-americana no espaço sob jurisdição nacional. Poderá com rigor afirmar-se que os seus membros efectuaram uma viagem em vão, já que a deslocação foi um monumental fracasso - com episódios rocambolescos de trocas de salas no Parlamento - dado que a nível governamental não houve a mais pequena sombra de ter sido revelado qualquer facto novo e das mencionadas personalidades aconteceu que nenhuma delas se dispôs a perder um segundo que fosse com tal Comissão. O mais curioso e que que foi completamente ignorado pelos media nacionais, prende-se com uma situação semelhante passada com o eurodeputado português em 2001, no decurso de uma investigação acerca do Programa Echelon. Trata-se de um vasto sistema multifuncional de escutas , espionagem e intercepção de dados sensíveis de cariz industrial, científico e comercial a nível mundial levado a cabo pelos EUA e ainda hoje em actividade tendo o apoio decisivo de alguns países de matriz anglo-saxónica ou seja: Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia . O Parlamento Europeu decidiu levar a cabo uma investigação sobre a possibilidade do mencionado programa norte-americano através das suas intercepções de comunicações, violar a soberania e a privacidade dos cidadãos de diversos países membros.
Foi constituída uma Comissão de Inquérito liderada por Carlos Coelho com cerca de 11 eurodeputados que depois de consumir demasiado tempo e recursos e culminar numa viagem desastrosa aos EUA na qual previa ter encontros com responsáveis do Departamento de Estado, o Advocacy Center, as agências CIA e NSA , acabaram por "bater com nariz na porta " de todas estas instituições que pura e simplesmente se recusaram a recebê-los, acabando por interromper a missão e regressar à Europa, tendo elaborado um relatório em que anunciavam uma evidencia cartesiana, é que o Programa Echelon existia e recomendavam que as mensagens electrónicas e comunicações sensíveis, fossem objecto de encriptação ! No fundo o relatório é um síntoma da mais profunda impotência e conformismo da União Europeia que nem sequer é capaz de elaborar um projecto de Constituição quanto mais assumir o papel de uma super potência que sendo económica, não consegue ser minimamente política. Os EUA são uma nação federal que tem capacidade de defender os seus interesses em vários domínios e que fala e age a uma só voz, ao passo que na UE ainda estamos na fase da indefinição quanto ao modelo e estatuto comunitário e como tal completamente paralisados em diversas áreas como a política externa e a defesa por exemplo. O trabalho da Comissão foi uma perda de tempo e não contribuiu nem interna nem externamente para o prestígio da União, quis substituir-se aos estados membros numa matéria em que não tinha nem podia ter institucionalmente um átomo de intervenção, parece que definitivamente muitos dos eurodeputados não aprenderam com os erros, ou será que a sede de protagonismo retira a mais leve porção de bom senso e de capacidade de raciocínio? ! Caso a investigação aos voos da CIA decorra de forma semelhante à do Programa Echelon, a União perderá prestígio e dará ao resto do mundo uma imagem de total incapacidade em actuar e gerir dentro do seu próprio território.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Photografias









Taxi Oldsmobile ( AB-61-88)


O motorista Augusto Macedo [1904-1997] ao volante do seu velho e inseparável taxi Oldsmobile de 1928, a quem apelidava de " o meu amigo" . Ambos constituíam uma dupla que foi quase um ex-libris da capital é que a silhueta do calhambeque não deixava ninguém indiferente, porém o condutor já nos deixou há alguns anos mas a viatura encontra-se preservada; de facto a natureza extremamente efémera da vida humana devia obrigar-nos a repensar melhor muito da nossa forma de estar, nestes breve tempo em que decorre a nossa existência.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Praça do Comércio e a "Árvore" Mastodónica.




Quem passar pela Praça do Comércio em Lisboa irá confrontar-se - à semelhança de anos anteriores - com uma enorme estrutura metálica simbolizando a árvore de natal patrocinada por uma entidade bancária e um canal de televisão privado e que manifestamente é uma opção infeliz - apesar de temporária - quer quanto às suas dimensões quer quanto ao local escolhido para a sua implantação, já que minimiza a leitura do elemento central da praça ou seja a estátua equestre da autoria de Machado de Castro com mais de 230 anos. Estou a lembrar-me de duas grandes praças europeias: a Plaza Maior em Madrid e a Grand Place em Bruxelas onde se realizam muitos eventos nesses locais e diversas vezes ao ano mas sempre com o absoluta cautela em respeitar a importância e o relevo daqueles espaços. Para minha surpresa na Praça da Figueira e no Rossio outra instituição bancária montou um gigantesco pavilhão insuflável na primeira e no segundo chegou-se ao cúmulo de projectar mensagens publicitárias na fachada do Teatro Nacional ou será que o imóvel em causa já foi alienado? . De facto apesar das entidades bancárias desempenharem um papel importante na nossa economia seria conveniente que essas mesmas instituições canalizassem de forma mais adequada os seus recursos extra, para actividades em benefício directo do cidadão ou do património.