A TROUXE-MOUXE

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segunda-feira, maio 30, 2011

28 de Maio de 1926

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Legendas:

Foto da esquerda em cima - Os chefes do movimento saem da tenda de campanha nos arredores da Amadora, onde foi servido champagne em homenagem ao gen. Gomes da Costa.

Foto da direita em cima - As tropas revolucionárias comem o rancho, antes de avançar sobre Lisboa.

Foto da esquerda em baixo - Imóvel em Lisboa adquirido pelo governo da ditadura nacional (militar) em 1928.

Foto da direita em baixo - Lápide em pedra no imóvel alusiva ao facto.


- O pronunciamento militar iniciado em Braga pelo general Gomes da Costa e com extensão à capital através do oficial de marinha Mendes Cabeçadas, teve a adesão quase generalizada das forças armadas e um vasto apoio da sociedade civil, que ia desde a direita republicana, monárquicos, operariado com conotações anarquistas, até aos dissidentes do partido no poder, ou seja o PRP (Partido Republicano Português). Só o apoio de uma frente tão larga pode explicar que os militares tenham entrado em Lisboa - pela Avenida da República no sentido norte/sul - sem terem a necessidade de disparar um único tiro, e ainda por cima em apoteose. O governo chefiado por António Maria da Silva demitiu-se sem resistência considerável e nem o próprio Presidente da República Bernardino Machado resistiu por muito tempo ao ultimato dos chefes do movimento. Em Fevereiro de 1927 surgiu uma reacção militar e civil contra os conspiradores de Maio de 1926, que se saldou por combates ferozes em Lisboa e no Porto, com um saldo elevado de feridos e mortos, mas que foi condenada ao fracasso.

sexta-feira, maio 06, 2011

O Memorando do Resgate

- Quem se atrever a ler o Memorando de Entendimento, relativo ao programa de ajuda financeira a Portugal, vai certamente sentir-se surpreendido pela qualidade do documento – independentemente do juízo de valor sobre a matéria contida – e surpresa absoluta, tudo circunscrito a 36 páginas na versão final!



O texto é de uma clareza meridiana, bem estruturado, muito objectivo e sem recorrer a figuras de estilo, ou a rebuscadas construções gramaticais para deleite dos seus autores e novidade absoluta entre nós: calendarizado com precisão no horizonte dos próximos 3 anos. Se em seguida, nos dermos à aterradora tarefa de analisar os programas dos dois maiores partidos – os dos restantes não têm aplicabilidade – o cenário é exactamente o oposto do acima descrito, para o memorando da comissão tripartida (B.C.E, C.E, F.M.I.). Os textos de ambos (P.S. com 70 páginas e PSD com 122) caracterizam-se por terem considerações ou justificações a mais, serem desequilibrados na temática, omissos quanto aos recursos financeiros, muito palavrosos, com uma hierarquização confusa dos temas e plenos de intenções piedosas, muitas vezes redigidas no infinitivo dos verbos, deixando antever uma concretização das medidas, remetida para o dia do juízo final.



Qualquer dos programas é de leitura intragável, para qualquer cidadão sem interesse directo na vida partidária e, francamente após várias décadas de vida democrática, já é tempo dos partidos elaborarem programas coerentes e inteligíveis. Já se percebeu pelo debate, – vide o caso da taxa social única - que estes documentos foram feitos à pressa, ou em cima do joelho e tudo isto pela simples razão, que os partidos não fazem o trabalho de casa, ou seja não dispõem de gabinetes de estudo com carácter permanente. O que acontece normalmente é que, pouco antes das eleições por iniciativa das direcções partidárias, convidam-se um grupo de notáveis ou quadros em ascensão interna, para constituírem um grupo de trabalho. Os seus membros aderem na lisonjeira esperança, de virem mais tarde a tomar lugar na estrutura do novo executivo, ou a serem indicados para cargos dirigentes do aparelho estatal.



Porém após a ida às urnas, esses grupos de trabalho esfumam-se à velocidade da luz, como se subitamente tivessem-se transformado num corpo estranho, à vida partidária. Esta forma amadora e quase doméstica, de desenhar as políticas do futuro do país já deu provas que não serve, mas a tacanhez dos aparelhos partidários continua a mantê-la e infelizmente não há nenhuma troika, que a consiga eliminar de vez.