A TROUXE-MOUXE

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domingo, fevereiro 28, 2010

Pressões e Contra-Pressões nos Media

A degradação mais absoluta da vida pública e política na sociedade portuguesa, alastrou como mancha de óleo a todos os sectores, e como tal os media também não ficaram incólumes. O curioso é que, muitos dos que hoje mais se insurgem contra a "domesticação" da comunicação social perante o poder, têm um passado nessa matéria pouco recomendável, à luz de algumas revelações ultimamente feitas em audições no Parlamento.
O poder político sempre pugnou pela boa imagem, - condição necessária para a manutenção no poder em democracia - pela ocultação ou branqueamento dos erros cometidos e inevitavelmente pela propaganda !
Nos países mais desenvolvidos, onde existe uma forte sociedade civil, o poder político tem fortes limitações naturais para conseguir pressionar uma vasta constelação de orgãos de comunicação praticamente todos privados.
Acontece que numa nação pobre, pequena e periférica como a nossa, com poucos jornais, estações de rádio ou canais de televisão, bem como ainda um largo sector público (RTP1, RTP2, RTPN, RTP Internacional, Jornal da Madeira, etc) acompanhado por um frágil seu equivalente privado, é incomparavelmente mais fácil exercer influências e orquestrar opiniões.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Ambientes

Museu do Ar , Sintra
Em primeiro plano o Harvard Mk.III(1517), à esquerda no tecto do hangar o Deperdussin B* e à sua direita o motoplanador Fournier RF-10.
(clicar na foto para ampliar)

Fruto de um entendimento salutar, - coisa rara na sociedade portuguesa actual - a FAP, a TAP, ANA, bem como a Câmara de Sintra, juntaram esforços para erguerem o novo Museu do Ar junto à Base Aérea de Sintra. As sinergias criadas permitiram dar maior visibilidade ao espólio existente anteriormente disperso, e sobretudo potenciar novos projectos de restauro e divulgação.

*O Deperdussin B foi o primeiro aparelho da aviação militar portuguesa, tendo sido utilizado na Escola de Aviação Militar estacionada na Vila Nova da Rainha em 1916.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Os Não-Professores (do Estado Português)

O ainda recente acordo mediático entre diversos sindicatos e o Ministério da Educação deixou os restantes quadros superiores da função pública, entre a perplexidade e a indignação, tal é a disparidade que daí resultou em matéria de escalões, acesso e progressão na carreira, com incidência directa nos salários. Entre as "conquistas alcançadas" contam-se uma avaliação de desempenho em ciclos de dois anos, a garantia de subida de escalões para a maioria dos docentes, - através de um modelo que contorna habilmente as quotas de avaliação - bem como um tempo de permanência naqueles de cerca de 4 anos, à excepção de um só com 2 anos, para os professores classificados com "bom".

Nas outras carreiras, os quadros superiores com igual classificação de desempenho são obrigados a marcar passo durante 10 longos anos, até puderem subir de nível remuneratório, mesmo com licenciaturas de 5 anos, - ao contrário daquelas obtidas nas Escolas Superiores de Educação com uma duração de 3 ou 4 anos - estão sujeitos a uma avaliação anual, bem como a quotas apertadas nos níveis de avaliação. O mais extraordinário é que a ministra em causa, no dia anterior ao das negociações sobre a revisão da carreira docente, declarou em tom de aviso, que o futuro estatuto não poderia estar em dissonância, com os demais existentes no Estado; porém certamente o calor da refrega negocial volatilizou por completo, tais princípios de equidade.
A explicação para tudo isto prende-se com a necessidade absoluta, que a responsável pela tutela da educação sentia em exibir um troféu a qualquer preço perante a opinião pública, de forma a demarcar-se da sua antecessora, e, assim limar uma das arestas mais cortantes para o governo.

Se a actual crise mundial não constituiu óbice à consumação do acordo para a carreira docente, também aquela não poderá ser invocada, para impedir uma mais que justa equiparação extensível às restantes carreiras, cujas estruturas sindicais aliás já começaram a movimentar-se nesse sentido.

Finalmente ainda quanto ao regime das quotas, todos constatámos ainda há bem pouco tempo, que as condecorações a ex-primeiro ministros pelo chefe de Estado, não estavam abrangidas por tal imposição tão anacrónica, ao menos valha-nos isso!

A República faz 100 Anos !

O regime republicano ao completar um século atingiu a maturidade em Portugal; com uma juventude conturbada em que algumas vezes cedeu ao radicalismo, soube porém afirmar-se na sociedade portuguesa sem oposição digna de relevo, salvo algumas aventuras quixotescas perpetradas por grupos de monárquicos isolados.

Hoje em dia sem adversários de monta, o seu maior desafio consiste em saber renovar-se e encontrar soluções para aquilo a que se poderá designar pelo já endémico "problema português".