Photografias

Avião Wibault Penoet 282-T-12 da Aero Portuguesa, Janeiro de 1941.

Escutas a la carte !

O tema das escutas legais ou ilegais tem apaixonado mais os media, que propriamente a opinião pública. Apesar de tudo é preocupante saber que uma parte significativa das escutas, são efectuadas por diversas forças de segurança sem qualquer suporte legal, recorrendo inclusive a detectives privados por forma a contornar as burocracias da lei vigente. Ficou a saber-se que o SIS, efectua escutas sem mandato judicial, mas um acordo tácito entre os maiores partidos, permite que tal aconteça numa espécie de limbo judicial até 2009, ano em que se espera uma alteração na Constituição.

A questão da venda de equipamento, para intercepção de comunicações e vigilância é uma falsa questão, uma vez que a sua proibição não impede a compra no exterior, de forma mais condicionada através da internet mas viajando até Londres por exemplo, que é uma espécie de grande bazar da especialidade na Europa, permite adquirir quase tudo.

Por outro lado, existem equipamentos que não sendo destinados especificamente para as escutas, dispõe de funcionalidades que permitem fazê-lo; estou a referir-me nomeadamente a câmaras de vídeo dotadas de microfones direccionais, que permitem que uma conversa realizada a distância significativa, seja gravada sem que os interlocutores se apercebam de tal, como já aconteceu numa reportagem difundida por uma estação de televisão, durante um congresso de um partido.

Quanto aos "sons esquisitos" convém salientar que as gravações são feitas digitalmente e como tal não emitem ruídos parasitas, tal acontecia na era do analógico mas isso foram outros tempos.

Exemplo de equipamentos:

- ao alto, óculos de sol com microcamera incorporada; preço

US $ 395 .

- ao lado, detector de sistemas de escutas com scanner, que efectua um varrimento de frequências entre os 50MHz e 3GHz, permitindo reconhecer microfones e cameras dissimuladas entre outros; preço US $ 120.

Banco de Portugal ou só mais um Banco em Portugal !

A recente revelação acerca da concessão de créditos a administradores do Banco de Portugal, quando tal benefício é expressamente interdito aos administradores dos bancos privados, denota uma postura de absoluto desprezo pela ética e pelos princípios de referência, exigidos à entidade reguladora do sector financeiro, independentemente da lei para o sector, que mais parece ter sido elaborada ad hominem protegendo um sector em particular.

As mordomias atribuídas á administração, bem como aos restantes funcionários do Banco de Portugal (Bdp), não têm a mais pequena semelhança com os restantes organismos do Estado português, e caberá questionar a razão de ser de tão abissal diferença de tratamento. Mas a instituição em causa, tem problemas vários como um monumental défice do seu fundo de pensões, o que obriga a que o BdP efectue diversas injecções de capital a título extraordinário.

Para se ter uma noção clara da instituição, convirá dizer que os salários pesam cerca de 70% do total, e cada funcionário (público) ganha em média 2 900 € / mês.

É fácil sacudir o incómodo da situação, com a acusação de populismo ou demagogia aos críticos, mas não é possível encontrar um argumento racional que suporte o actual statu quo do Banco de Portugal, que curiosamente parece estar mais vocacionado para realizar estudos, muitas vezes feridos de erros grosseiros, do que propriamente exercer a actividade fiscalizadora e reguladora do sector bancário.

A imagem do BdP ficou fortemente afectada perante a opinião pública com este episódio, e é inaceitável que perante as privações impostas à esmagadora maioria dos portugueses e dos organismos públicos, subsista no seio do Estado português, um organismo transformado num el dourado de benesses e facilitismos .

BCP E BPI : Fusão A Frio !

A recente proposta da Administração do BPI em efectuar uma fusão com o BPI, tem um conjunto de vantagens e de inevitáveis inconvenientes, embora o resultado final poderá ser positivo, após a supervisão da Autoridade da Concorrência AdC.

As vantagens resultariam da concentração dos activos dos dois bancos, permitindo assim que o novo banco - BPI Millenium - alcançasse o terceiro lugar no ranking dos bancos ibéricos ; deste modo a banca portuguesa passava a dispor de uma entidade com massa crítica a nível europeu.

Quanto às desvantagens, a maior resultaria de uma diminuição significativa da concorrência e como tal lesiva dos consumidores; porém a Adc certamente obrigará no caso do negócio se efectivar, à implementação de medidas correctivas, como a venda de várias agências bancárias de ambos os bancos parceiros na fusão. Existirá também dispensa de funcionários de ambos os bancos, pela simples razão das economias de escala que irão ocorrer, bem como daquelas decorrentes da venda de agências. Quanto aos funcionários, estes apesar de terem tido sempre vantagens acrescidas, - para além dos salários que auferem serem muito acima da média geral no país, dispõem ainda entre outros, de significativa bonificação de juros em empréstimos, que na CGD constitui um escândalo total - nestas ocasiões ou seja nas rescisões de contratos são sempre presenteados, com indemnizações leoninas, que constituem uma excepção absoluta no universo laboral português.

Tratado Europeu - Finalmente !

Apesar da diatribe permanente dos "gémeos Kaczynski" e de algum oportunismo de ocasião de alguns Estados, a União Europeia finalmente aprovou o texto fundamental que serve de referência ao seu funcionamento com 27 Estados membros. A partir de agora não podem existir mais desculpas dos executivos, perante as expectativas criadas na população europeia quanto ao seu futuro imediato.

19 % da População Portuguesa É Pobre.

Mais de 2 milhões de portugueses são pobres ou seja com um rendimento mensal de 360 €, mas sem as transferências do Estado através do apoio social ou das pensões, tal valor ascenderia a mais de 40 %. Por outro lado num estudo efectuado pelo Prof. Ernâni Lopes, Portugal situa-se em penúltimo lugar na Península Ibérica em comparação com todas as regiões de Espanha, só conseguimos ultrapassar a Estremadura. Estamos assim muito longe da Catalunha, Andaluzia ou mesmo da outrora pobre Galiza, que no princípio do século XX enviava milhares de emigrantes para Lisboa e Porto. Mas mesmo os pobres da Estremadura espanhola, têm melhor condições que os seus congéneres lusitanos, pois não são obrigados a esperar 5 anos por uma consulta de especialidade ou 2 ou 3 por uma intervenção cirúrgica.

Cursos de Medicina: 1400 Míseras Vagas !

A intenção do Ministério da Saúde em aumentar as actuais míseras 1400 vagas dos cursos de Medicina, para o valor de 2000 é louvável, mas não pode ficar dependente da boa vontade das universidades portuguesas. Se a capacidade destas é insuficiente, não só o Ministério não deve lamentar o facto de um muito significativo de alunos frequentar cursos no estrangeiro, como deve apoiar os estudantes portugueses que com capacidade escolhem tal opção, uma vez que vão de encontro às necessidades do país, minorando o défice de médicos existente.

Quanto à corporação dos médicos, que sempre com o já estafado argumento que o " aumento da formação pode degenerar em desemprego no futuro " revela um espírito proteccionista típico do início do século passado, um horror à concorrência, bem como o maior desprezo pelos interesses da população objecto da chantagem da medicina privada que pratica em Portugal preços muito superiores aos da vizinha Espanha, quando nesta os habitantes têm um muito maior rendimento, nem vale a pena dar qualquer importância a tão descabida tomada de posição.

Enquanto isto observamos o Estado, a financiar uma floresta de cursos superiores de direito, quando o mercado de trabalho já se encontra há muito saturado destes profissionais; a isto chama-se um monumental desperdício de recursos e a edificação de desilusões para milhares de alunos e famílias.

Mário Soares e a Diplomacia Económica.

Pode parecer inverosímil mas aconteceu . Ao contrário da mais absoluta incapacidade do Estado e da sua administração, em esboçar qualquer acto visível de política económica, foi Mário Soares quem abriu portas, e foi determinante no acordo celebrado entre a Galp e a Petróleos da Venuzuela para a exploração de petróleo e gás, numa área confinada a joint-ventures com empresas internacionais. Tal facto não é alheio, às boas relações do antigo presidente da república com Hugo Chávez e com o Ministro do Petróleo Rafael Ramírez Carreño, o que demonstra a fragilidade da nossa política externa na área económica.

Convirá relembrar que a indústria automóvel portuguesa só surgiu em Portugal com dimensão e pujança, após a vinda para Portugal da Régie Renault, que se ficou a dever às boas relações de Mário Soares com o então Presidente da República Francesa, François Miterrand. Tal implantação de diversas unidades de produção, permitiu que surgisse a montante uma indústria de componentes, que foi decisiva para o despontar de um cluster automóvel em Portugal.