A TROUXE-MOUXE

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quarta-feira, julho 25, 2007

Uma Candidatura Ingénua


A candidatura de Luís Filipe Menezes à liderança do PSD revela uma ingenuidade confrangedora. Marques Mendes apesar da sua condução política medíocre, conta com o apoio do aparelho do partido e isso é decisivo; basta olhar para a sua lista para perceber quem está com quem, nomeadamente os lugares ocupados pelos apoiantes em estruturas partidárias ou instituições públicas.

Porém Luís F. de Menezes parece não perceber que quem manda no PSD, é o chamado eixo Lisboa-Cascais (no fundo não passam de meia dúzia de pessoas bem conhecidas) , e ele é ultra periférico nessa matéria. Está longe dos contactos influentes, e estes jamais permitiriam a um homem do Porto dirigir o partido; a excepção de Sá Carneiro ocorreu numa época conturbada que não voltará a repetir-se, é que agora a estrutura partidária está consolidada, ao contrário do final dos anos 70.

Mas Luís F. Menezes está ainda associado ao epíteto de "sulistas, elitistas e liberais" que utilizou num Congresso contra os seus opositores, resta agora saber se ainda se considera um "nortista, populista e conservador" !

Em matéria de posicionamento ideológico o candidato autarca de Gaia é um enigma total; social democrata não pode ser, senão teria um posicionamento de esquerda como acontece em toda a europa, liberal não é; e centrista será?

domingo, julho 22, 2007

O ISN Centenário e Desnecessário !



Frequentar as praias do sul de Espanha, e estabelecer comparações no capítulo da segurança com as nossas, dá que pensar acerca do estado do nosso atraso em organização e planeamento. Por lá não existe nenhuma organização congénere do nosso Instituto de Socorros a Náufragos, nem nadadores salvadores em amena cavaqueira com os banhistas. Quem vela pela segurança dos veraneantes é a Protecção Civil local, dotada com motas de água, botes com motores fora de borda, veículos todo o terreno; quanto ao pessoal são jovens da região formados pela autarquia e integrados nessa estrutura em missões de vigilância e pessoal do município para os equipamentos navais. Prestam socorro, zelam pela segurança e bem estar dos frequentadores da praia. Também por lá não existe Polícia Marítima mas tão só a Polícia Municipal que pode ser alertada para intervir, quando as orientações da protecção Cicil não são acatadas.
Fui protagonista de um pequeno acidente com ferimentos numa dessas praias, e fui assistido pela mencionada Protecção Civil de forma eficaz, célere e gratuita. Não pude deixar de me sentir ali incomparavelmente mais seguro do que nas nossas, e presenciei como os jovens que estão de vigilância são capazes até de exercer autoridade, - coisa que por cá já ninguém sabe o que é - quando um grupo de portugueses pretendia jogar com uma bola no areal.
Nós temos Polícia Marítima, Instituto de Socorros a Náufragos, Protecção Civil e Polícia Municipal, enfim um enxame de organismos que se duplicam e atropelam, mas quanto a eficiência é o que se sabe.
Dir-me-ão que o ISN é uma instituição centenária e respeitável, certamente que sim, que no seu passado salvou muitas vidas, sem dúvida, mas no século XXI existem outras alternativas mais eficientes, e quanto ao salvamento no mar a solução é formar uma Guarda Costeira com equipamento da Marinha e da Força Aérea.

sexta-feira, julho 20, 2007

A Pobreza Dourada




Alouette III: 44 anos (ainda) ao serviço da FAP !




O Estado Português não tem fundos para pagar os compromissos assumidos para com os militares, sendo a respectiva dívida com subsídios e suplementos de mais de 1000 milhões de euros, de acordo com as associações castrenses que não só não foram negadas pelo Ministério da Defesa, como assumidas quando o Estado declara que não é possível regularizá-las a breve prazo.

Então como é possível aceitar a inútil aquisição de 2 submarinos para a Armada que custarão ao bolso dos contribuintes de mais de 1070 milhões de euros? E o delírio total que é a construção de um navio polivalente logístico com um custo superior a 245 milhões de euros, sem contabilizar o custo de aquisição de helicópteros, blindados anfíbios e outros equipamentos autónomos para desembarque. Quanto à projecção de custos para o tempo de vida útil desse equipamento, logo se verá ! Depois acabarão por descobrir que o país não dispõe de recursos para manter esses meios operacionais e certamente irão ficar a decorar o Alfeite. Mas o mais incrível, é que a Armada não tem capacidade para exercer de forma efectiva soberania no mar português, nem na zona económica exclusiva.

Para agravar a situação temos tropas em Timor, Afeganistão e na Bósnia que para além dos custos actuais exorbitantes que tal implica, estes vão propagar-se no futuro pois os militares envolvidos nestas missões, vão exigir dos futuros governos subsídios, apoios e outras regalias.

Enquanto isto a Força Aérea continua a operar com o velho helicóptero Alouette III desde a guerra colonial, e o exército mantém a velha espingarda G-3 .

domingo, julho 15, 2007

Terramoto Eleitoral em Lisboa


As recentes eleições intercalares na capital tiveram um efeito devastador no espectro político português. A humilhação eleitoral sofrida pelo PSD não tem paralelo na sua história, com 15,74% põe a nu uma liderança medíocre incapaz de apontar um rumo, e capitalizar o descontentamento provocado pela medidas duras do governo de José Socrates. Marques Mendes errou ao escolher Carmona Rodrigues como cabeça de lista nas eleições autárquicas de 2005 e voltou agora a errar estrondosamente ao escolher Fernando Negrão, tratam-se de personalidades desprovidas de perfil político, titubeantes no discurso e indecisas na acção, não são mais que quadros técnicos catapultados para a esfera política. Com o PSD profundamente balcanizado, em que se degladiam as tendências liberal e a conservadora, para além de que a designação de social democrata é um embuste, dado que na europa todos os partidos social democratas à excepção do PSD, estão reunidos na Internacional Socialista; não se trata de uma questão de semântica, a ideologia ainda continua a ser um factor de identidade política nos partidos europeus.

Carmona Rodrigues apesar de ter deixado a autarquia de Lisboa com um passivo paralisante e mesmo sem máquina partidária a montante, conseguiu mais votos que o próprio PSD o que demonstra a desorganização e o desnorte que paira no partido laranja.

Helena Roseta conseguiu um bom resultado, fruto do desagrado de alguns sectores da esquerda do PS com as medidas do governo mas o seu estilo de inquietação e agitação permanentes, nunca lhe permitirão ser mais do que oposição a qualquer coisa que mexa, aliás a sua actuação à frente do município de Cascais não deixou qualquer marca digna de registo.

O CDS desapareceu no horizonte político de Lisboa, pela simples razão que a sua existência tornou-se irrelevante, sobretudo depois de ficar desprovido de alguns quadros com qualidade que foram saindo ou empurrados pela actual direcção marcada por um estilo populista e arrivista, neste momento não passa de um mero clube político.

António Costa impôs-se facilmente como candidato vencedor, com um programa simples e interveniente numa capital em decadência profunda, pese embora o resultado longe da sonhada maioria, facto a que não são estranhas as medidadas impopulares decretadas pelo executivo.

A abstenção de 62,61% é relevante quanto à avaliação que os alfacinhas fazem da capacidade dos agentes políticos na gestão da cidade; o argumento do tempo de praia não colhe, dadas as condições atmosféricas no Domingo das eleições e quanto à desculpa das férias convirá olhar para a pirâmide etária da população e para os dados estatísticos que indicam que só uma minoria, faz férias longe do domicílio.

quarta-feira, julho 04, 2007

Juntas de Freguesia ou Comissões de Festas ?




Quem se der à incómoda tarefa de ler as vitrinas de informação das juntas de freguesia - muitos delas revelando um profundo mau gosto na sua concepção - pelas artérias de Lisboa, ficará com a sensação que em lugar de autarquias locais destinadas a resolver os problemas de pequena ordem na área de trabalho ou residência, estará antes em presença de Comissões de Festas que numa roda viva de eventos e iniciativas esquece por completo a respectiva missão principal e razão de ser da sua existência. Desde arraiais ao longo do ano inteiro, torneios desportivos, excursões infindáveis, bailes e até pic-nics, há de todos os tipos de passatempos e mais parece uma organização do tipo "sempre em festa", como se a população dispusesse de todo o tempo do mundo e não trabalhasse! Não está em causa a existência das actividades de lazer das populações mas tais iniciativas cabem em primeira instância aos movimentos associativos dos próprios cidadãos e só em última e de forma supletiva às autarquias. Percebe-se a motivação: trata-se de ganhar eleições a qualquer preço e como tal agradar ao eleitorado é absolutamente fundamental. A questão coloca-se quando uma parte significativa destas freguesias é completamente impotente para resolver ou encaminhar os problemas mais básicos que os cidadãos se confrontam, a saber: pavimentos degradados, equipamento urbano vandalizado, insegurança em zonas críticas, apoio social a idosos carenciados, manutenção de zonas verdes, estacionamento, passagem de peões, etc. Aliás a existência de 53 freguesias de Lisboa revela uma organização anárquica do espaço urbano desprovida de os mais básicos critérios quanto à administração do território, com uma disparidade absoluta quanto à sua dimensão populacional; compare-se a título de exemplo o caso de Benfica com mais de 41 000 pessoas e os Mártires com 341 residentes. A solução de agrupar as freguesias de forma racional através de unidades com massa crítica suficiente a exemplo do que acontece em Barcelona, seria uma excelente ideia a implementar. Valerá a pena em abono da verdade, dizer que a realidade fora das grandes áreas urbanas é muito diferente quanto à actuação das juntas de freguesia, nestes casos têm competências muito variadas como a gestão cemiterial, manutenção de caminhos agrícolas, abastecimento de água e até mesmo a gestão de conflitos entre vizinhos e agricultores .

Magister Dixit

'Falas de santo, unhadas de gato'.

In "O Malhadinhas" , de Aquilino Ribeiro.