Ambientes

Bugatti 40 de 1929 e figurinos vestidos com roupas da época, a propósito da Exposição Art Déco presente no Museu de Arte Moderna em Sintra.

Joe Berardo - Duas exposições com qualidade.

A colecção de arte moderna e contemporânea de Joe Berardo, patente no Centro Cultural de Belém em Lisboa, tem tido um assinalável número de visitantes, e o objectivo da Fundação com o seu nome, em permitir o acesso gratuito durante algum tempo, e depois a preços reduzidos para uma parte significativa dos visitantes, é de louvar. Mas o mais assinalável é que nunca os responsáveis pelos organisnmos do Estado com a tutela do sector, foram capazes de realizar algo similar. Muito boa gente nesta área para além do palavreado estéril com que polue os media , limita-se a estar mais preocupada com os lugares, e com as respectivas mordomias.

Convirá referir a belíssima e única exposição de Art Déco em Portugal, - também pertença de J. Berardo - que poderá ainda ser visitada no Museu de Arte Moderna em Sintra, até 16 de Setembro.

Por outro lado é curioso constatar, como o comendador Berado é incómodo para muita gente na área financeira; habituados a viver num pequeno mundo dourado, protegido pelo Estado, e muitas vezes chegando até a manobrá-lo, através dos seus protagonistas directos, esses indivíduos não se sentem à vontade, quando são objecto de críticas directas, ou de revelações que curiosamente nunca os jornais se atrevem a revelar. O que mais lhes custa, é que não conseguem comprar o seu silêncio, por razões mais que óbvias .

O Mi(ni)stério da Saúde

Começa a ser rara a semana, em que não apareçe nos media uma ou mais referências, a acusações de negligência por parte dos familiares de doentes internados nos hospitais do SNS, relativamente aos médicos pela prática de actos clínicos. Face à exigência colocada da admissão dos alunos às faculdades de medicina, parece algo pouco racional, que os casos apontados de devam única e exclusivamente a erros, ou incapacidade dos médicos, e começa a surgir no horizonte outra explicação, que se prende com as metodologias empregues, e com o planeamento do trabalho hospitalar. Compreende-se que é mais simples acusar um médico isolado, e com isso poupar o sistema hospitalar, ou as respectivas administrações; é que o bode expiatório acaba sempre por resultar.
Para quando a avaliação do SNS no que respeita às unidades hospitalares, e centros de saúde por uma entidade internacional credível? Os montantes financeiros envolvidos e a natureza do serviço prestado justificam perfeitamente tal avaliação.

Agora o SNS pretender ser juíz em causa própria, tal postura não tem qualquer justificação possível no século XXI!

Ecoarrogância

A destruição 1 hectare de milho transgénico de uma plantação foi planeada e executada por um grupo autodenominado "Verde Eufémia" que de cara tapada perpetrou a acção . Mas o mais curioso é que o citado grupo apelidou o acto de vandalismo, como de "corte" e até noutras ocasiões fala mesmo em "ceifa" de milho. O que é muito revelador da natureza do citado grupo, que certamente de colheitas só as conhece quando lhe chegam ao prato das refeições; agora o agricultor terá de solicitar os serviços de um advogado, para depois em tribunal passados uns anos largos, com muita propabilidade se chegar à brilhante conclusão, que afinal os "jovens" em causa não têm rendimentos, e como tal tudo ficará "em águas de bacalhau" !

A questão dos trangénicos deve ser debatida em Portugal, mas não através de um bando de mascarados que com uma postura de "terrorismo ecológico", se arvoram como representantes e até, protectores directos dos consumidores em matéria alimentar. Sinto-me à vontade pois até sou consumidor de produtos provenientes da agricultura biológica, mas o acto em causa mereceu à maioria dos portugueses nos quais me incluo uma total repulsa. É frequente ouvir-se como argumento, a defesa contra a intrusão de estranhos numa propriedade privada, não nego tal ideia que aceito sem qualquer relutância, mas mais do que isso, foi a desvalorização do trabalho, e do esforço, envolvido na plantação de uma cultura que desde a sementeira, à rega constante, bem como à preparação do solo, é extremamente exigente no seu cultivo.

Um Banco Privado e ...Adiado

A Assembleia Geral de Accionistas do BCP teve o mérito de mostrar o país real dos negócios e a sua enorme fragilidade, apesar do show-off mediático com que sempre se efectuam as encenações da praxe. Um dos participantes da reunião afirmou alto e bom som "Sou um accionista minúsculo que está a ser esmagado pelos advogados dos grandes accionistas que parecem estar numa RGA (reunião geral de alunos) de Direito" e foi entusiásticamente aplaudido. Os expedientes dilatórios por parte de um grupo, do verdadeiro batalhão de advogados presentes na sala, conseguiu boicotar os trabalhos, facto que aliado a uma providencial falha do sistema informático manteve o impasse inicial.

- Afinal quem manda?

É o conselho de administração executivo, ou o conselho de supervisão?

Se o maior banco privado português funciona assim, imaginem os leitores como devem estar a trabalhar os outros...

RTP - Descalabro Financeiro

A RTP tem um passivo próximo dos 890 milhões de euros, mas apesar disso não se coibe de atribuir generosos prémios de desempenho - que se forem idênticos aos do ano passado irão variar entre 750€ e 2000€ - aos seus funcionários! É curioso como a apresentadora do programa " Prós e Contras " Fátima C. Ferreira, aborda os diversos temas de debate sempre com um tom moralista, justicialista e de exigência em matéria financeira, mas curiosamente revela uma profunda amnésia quanto à situação da empresa pública de que é funcionária. A RTP através da taxa de audiovisual - cobrada muitas vezes abusivamente a todos os cidadãos, com situações caricatas como até as instalações eléctricas de rega agrícola* não estarem isentas do respectivo pagamento - tem um receita fixa avultadíssima que aliada aquela proveniente da publicidade, a transferências inexplicáveis do orçamento de estado, deveriam conduzir em qualquer parte do mundo a uma situação financeira equilibrada ou mesmo a um confortável superavit. Mas tal não acontece e pior ainda, chega até a degradar-se como agora foi revelado no relatório semestral da empresa, em que o lucro operacional diminuiu 34,3% relativamente ao mesmo período do ano passado e isto acontece apesar dos aumentos nas receitas do Audiovisual em 14,3% , na indeminização compensatória em 1,5% e de 14% em publicidade. O sorvedouro de recursos é imparável, com a agravante da péssima qualidade do serviço público prestado.

Então a direcção de informação é um desastre total, para além dos intermináveis telejornais transformados em saladas russas, como o de hoje das 20 horas em que até incluiu um mini-documentário acerca do salto em pára-quedas com pendura, - através do sistema de salto em tandem - acumula ainda o facto do vocabulário utilizado ser de uma pobreza e vulgaridade angustiantes. A obsessão pela imagem é insuportável, ou seja qualquer assunto referido tem obrigatoriamente que ser ilustrado por uns segundos de filme, senão pensam eles, o telespectador decididamente não compreende...

* Por enquanto os vegetais ainda não usufruem do serviço público de audiovisual.

Photografias

Autoridade da Concorrência - Bravo!

A decisão salomónica da Autoridade da Concorrência (AdC) em aplicar uma coima de 38 milhões de €s à PT Comunicações, tendo como fundamento o abuso da posição dominante desta empresa do Grupo PT, só pode merecer o aplauso daqueles que pugnam pela livre concorrência com regras, como é usual nas sociedades mais desenvolvidas. A AdC mostrou e provou que é uma autoridade, apesar do seu ainda curto tempo de vida, da natureza e conflitualidade da matéria em causa. As concorrentes TvTel e Cabovisão queixaram-se da PT, por recusa desta ao acesso à sua rede de condutas no subsolo em que eram invocados pretextos de ordem técnica como falta de espaço (o cabo de fibra óptica utilizado tem o diâmetro de 25mm) , para impedir os consumidores - cerca de 73000 lares - de escolherem livremente o fornecedor de comunicações. Quanto à alegação que a coima é desproporcionada, só o desconhecimento da lei pode levar a tal conclusão; é que o valor indicado no diploma legal aponta para 10% do volume de negócios da empresa sancionada, ou seja seriam cerca de 200 milhões de €s, logo bem acima do montante aplicado pela AdC.

Aliás o caso da PT é semelhante embora com gradiantes aos da Galp, EDP, TAP, CGD, EPAL que sempre perfilharam uma cultura de monopólio, em muitos aspectos semelhantes com as empresas estatais da ex-URSS, como é bem exemplo o caso da Gazprom !