A TROUXE-MOUXE

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Localização: Portugal

sexta-feira, novembro 24, 2006

(Des) Protecção Civil


Colapso de um muro de suporte na Academia Militar em Lisboa




A ocorrência das mais recentes intempéries revela à luz mais cruel da realidade, a absoluta fragilidade das nossas infraestruturas de todo o tipo. Linhas eléctricas de média e baixa tensão caem com uma facilidade que revela trabalho de amadores, linhas férreas ficam danificadas impedindo a circulação , construções recentes são inundadas ou porque se encontram muitas vezes em leito de cheias ou porque no local não existe qualquer drenagem dos solos adajacentes. Acontece que muitas das medidas preventivas ou corretivas não foram implementadas pela pior das razões; é que uma parte significativa delas implica intervenções no subsolo ou seja sem visibilidade pública e como tal não dão votos, pelo que acabam sempre por serem adiadas ou completamente esquecidas e se houver problema sério, sempre é mais cómodo vir para os telejornais das 20 horas reclamar invariavelmente subsídios ! Imaginem o que aconteceria se numa linha já com TGV , tivesse ocorrido uma situação idêntica aquela que ocorreu na primeira semana de Novembro deste ano - quando as vias férreas nas linhas do do Norte e do Sul ficaram inoperacionais devido à cedência do solo de fundação - com uma circulação ferroviária lançada a 300 km/h em que os sensores de via tivessem falhado e o maquinista não fosse alertado ? Torna-se difícil acreditar com optimismo na ideia do TGV, se nem em baixa ou muito baixa velocidade conseguimos assegurar o mínimo, quanto mais em alta ?

domingo, novembro 19, 2006

Figuras



Amadeo de Souza-Cardoso
(1887-1918)

É para muitos o maior pintor português de sempre e apesar da sua morte prematura, esteve na vanguarda internacional do seu tempo, ombreando com a nata da arte plástica do princípio do século XX. Filho de um agricultor abastado quando em 1906 partiu para Paris e se instalou no Boulevard de Montparnass, a sua intenção era de estudar arquitectura mas passado pouco tempo desiste e a sua atenção fixa-se no desenho e na caricatura. Em 1908 frequenta as aulas de pintura do artista espanhol Anglada Camarasa Percorreu diversas correntes estéticas do seu tempo na vertente abstraccionista - cubismo, futurismo, espressionismo - sem contudo se sentir nem ao de leve condicionado por alguma delas. Fora de portas expõe em diversas cidades Paris, Berlim, Hamburgo, Munique, Colónia, Barcelona, Estocolmo, Oslo, Chicago e Boston entre outras . Revelador da sua personalidade são as cartas dirigidas ao seu tio Francisco - homem culto e viajado - onde se pode ler " subir em cultura física, e espiritual e artística ao mais alto degrau, aproveitar desta vida o mais possível, pois que tudo é passageiro " o que está de acordo com a sua procura incessante por novas formas e conceitos que pudessem dar resposta à sua imparável criatividade. O seu mérito só começou verdadeiramente a ser reconhecido a partir de 1952 , facto a que não é alheio por um lado o seu desprezo pela vida mundana e pobre da capital quando numa carta a um médico amigo escreveu : "A impressão que a futilíssima vida lisboeta lhe está causando a você é a impressão que ela causa a todos aqueles que, com um pouco de saúde, para lá foram empurrados. Certo: Lisboa é boa para conselheiros, pelintras e todos os outros mariolas. (...) Lisboa é um símbolo, o resumo da torpeza nacional: aos que não corrompe, enoja-os. " e por outro ao provincianismo existente à época no Porto - chegou a ser agredido no decorrer de uma exposição - ambos explicam o isolamento a que foi remetido. Faleceu cedo aos 31 anos em Espinho, vítima da terrível febre pneumónica que ceifou a vida a mais de 100 mil portugueses e assim desapareceu o 'meteoro de Amarante' .
A maior e melhor exposição sobre o pintor está patente na Fundação Caloustre Gulbenkian e tão cedo não haverá outra deste quilate, com muitas das obras provenientes de colecções particulares, sendo algumas delas praticamente desconhecidas no nosso país.

Photografias

Vila de Marvão: um povoado com identidade própria; os seus 862 m de altitude e o isolamento defendem-na da barbárie urbanística.

sábado, novembro 11, 2006

A Caixa fã do esbanjamento...


Poderá parecer inverosímil mas é verdade, numa época de brutal contenção no funcionamento das instituições públicas e privadas, a Caixa Geral de Depósitos - um banco que é uma sociedade anónima tendo o Estado como único accionista, sendo as suas participações detidas pela Direcção Geral do Tesouro e os respectivos direitos exercidos por um representante do Ministério das Finanças - decidiu com a maior naturalidade deste mundo e do outro, esbanjar 16 milhões de euros ( mais de 3 milhões e 200 mil contos em moeda antiga) numa campanha de publicidade em que o senhor Scolari é um dos "ponta de lança", isto depois do BPN não ter renovado o patrocínio ao treinador brasileiro. Entende-se perfeitamente tal facto, é que uma administração de um banco privado tem outros critérios, nomeadamente quando a respectiva assembleia de accionistas exige responsabilidades à direcção, enfim certamente minudências para os defensores da instituição pública bancária. No dia em que a CGD for privatizada mesmo que parcialmente - facto que poderá ocorrer bem mais cedo do que muitos imaginam - não há dúvida que haverá rigor, eficácia e sobretudo uma direcção com um projecto de trabalho claro e que obedeça aos mais exigentes parâmetros de racionalidade .
Enquanto tal não acontece, a tutela não sabe, não viu e não quer saber mas talvez considere mais um acto "normal" de gestão, tudo isto enquanto por exemplo as viagens dos ministros são negociadas ao cêntimo, ou seja de um lado poupam-se tostões e do outro desbaratam-se milhões.
Será curioso observar o resultado da campanha publicitária mas avaliado por uma empresa independente; é que ninguém imagina a CGD com enormes filas de clientes nas suas agências, a solicitarem a transferência de contratos de empréstimos à habitação quando ela pratica na sua generalidade condições menos vantajosas do que a banca privada.
Alguns dirão ainda que 16 milhões de €s comparativamente aos activos do Banco são peanuts, sei bem disso mas também sei que estou em Portugal e a instituição bancária é do Estado, do mesmo Estado que a toda a hora nos fala dos sacríficios impostos em nome do futuro !
Será que estamos na India colonial dos marajás, em que a pobreza absoluta convive lado a lado com a ostentação mais indecorosa e provinciana?
Através da pena da jornalista Clara Ferreira Alves ficámos a saber que em tempos a CGD projectou desenhar uma campanha de imagem centrada na figura de Fernando Pessoa mas pelos vistos um "iluminado" da instituição financeira considerou que tal opção seria elitista e de certo para atingir os píncaros da popularidade, sua excelência decidiu optar pelo treinador de futebol da selecção nacional. Como alguém de forma fundamentada já escreveu, o problema português também é um problema de falta de qualidade das elites que temos.

quinta-feira, novembro 09, 2006

A tributação do sector financeiro ....


Surgiram com particular visibilidade aos olhos da opinião pública os elevados lucros da Banca, num momento de forte aperto para a vida dos cidadãos e de muitas empresas que se vêem confrontados com a diminuição de rendimentos, a estagnação ou em muitos casos mesmo a falência e o inexplicável facto de em média o sector financeiro pagar de IRC uma taxa bem abaixo do valor de referência . O que é verdadeiramento estranho, é que só numa situação de desesperada tentativa de obtenção de receita adicional, o país consiga encontrar coragem suficiente para impor ao sector financeiro um mínimo de equidade fiscal. É curioso o discurso passado à outrance acerca da competitividade dos bancos portugueses - leiam-se as entrevistas do presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) - e é olimpicamente omitido o facto indesmentível do ultra-proteccionismo que estes gozam, de tal forma que a Comissão Europeia apresentou queixa contra Portugal junto do Tribunal de Justiça das Comunidades, por o nosso país manter um regime fiscal que penaliza o crédito junto da banca estrangeira, face às opções oferecidas pelas nossas instituições de crédito. A situação é de tal forma escandalosa que o Comissário Lazio Kovacs declarou que Portugal é o único país da UE com semelhante esquema.
Diga-se em abono da verdade que a banca nacional só conseguiu ter liquidez suficiente para o volume de crédito concedido aos clientes, através de volumosos empréstimos contraídos à banca internacional ou seja endividam-se lá fora para emprestar cá dentro. Perante isto vale a pena cada um nós se interrogar, se afinal os "nossos" bancos pouco mais servem que de intermediários porque não contrair empréstimos directamente á banca estrangeira ? É que certamente os encargos seriam bastante mais reduzidos para quem solicita empréstimos.
Tudo isto para não referir em pormenor, os lucros obtidos de forma abusiva e ilegal à boleia dos arredondamentos das taxas de juro, um escândalo e um truque baixo que não se coaduna com a natureza das instituições e dos serviços em causa.
É evidente que os bancos portugueses devem participar no esforço colectivo de eliminação do défice ou por ventura só se sentem portugueses para se colarem à imagem da selecção de futebol por altura das grandes competições internacionais?

sexta-feira, novembro 03, 2006

A Região da Madeira ou o chantagismo autonómico !



O líder do Governo Regional da Madeira numa entrevista concedida dia 2 de Novembro ao 1.º Canal da RTP , teceu um conjunto de afirmações que pelo profundo equívoco que revelam, merecem e devem ser objecto de reflexão. Aquilo a que ele designou por " levar pancada com os fundos estruturais ", significa que a Madeira merçê do nível de riqueza atingido já ultrapassou os níveis mínimos de desenvolvimento que justificavam a atribuição dos Fundos Comunitários - aliás essa era e é, a regra de atribuição - pelo que querer continuar a receber mais dinheiro só por manifesto espirito de dependência ou da mais elementar falta de dignidade institucional. Por outro lado ainda argumentou que lhe assiste a mesma legitimidade que a do governo da república ou das autarquias, facto que revela uma ignorância absoluta sobre matéria constitucional e indesculpável mesmo para um executivo de uma junta de freguesia, quanto mais para uma administração regional. É que existe uma diferença fundamental em matéria de legitimidade que se prende com a escala de gestão do território em causa e o universo dos eleitores, ou seja é de uma evidência cartesiana que o governo da república tem uma legitimidade para administrar todo o território português que lhe advém do facto de ter uma maioria no parlamento conquistada em eleições de âmbito nacional, facto que é incomparavelmente distinto do que fazê-lo no domínio regional quer pela inerente limitação de competências próprias quer pelo universo da população abrangida, que na Madeira ronda pouco mais que 230 mil habitantes. E para cuminar os disparates proferidos o mesmo personagem efectuou uma analogia perfeitamente abusiva entre a região insular e o Estado Português com a República Federal Alemã e os seus estados federados. Acontece que a República Portuguesa - o mesmo sucedeu no regime a monárquico - é e sempre foi, um estado unitário e querer fazer passar a ideia sub-reptícia que a solução autonómica da Madeira configura na prática um estatuto de proto-estado associado é algo de perfeitamente rídiculo e inaceitável. Convirá referir que a ilha ainda não estava povoada e já na Alemanha existiam principados que constituiram a génese da actual solução politica para a próspera nação germânica.
A Constituição da República não outorga à região insular um direito divino de receber uma espécie de tributo especial pago pelos restantes cidadãos nacionais quando essa mesma região tem níveis de bem estar e progresso muito superiores à maioria do país e aliás pelo mais elementar princípio de solidariedade a Região Madeirense deveria antes contribuir para apoiar as regiões mais deprimidas do nosso território. Para os menos atentos convirá referir que os impostos no arquipélago são mais baixos, a energia eléctrica é subsídiada, acontece o mesmo com as viagens aéreas dos residentes , os combustíveis - devido à baixa do respectivo imposto - são mais baratos, existe uma Scut - autoestrada sem portagem - entre a Ribeira Brava e o Machico no percurso de 37 km, mas tudo isto não se esgota aqui pois existem muitas outras benesses, de modo que começa a ser insuportável o discurso anarco-populista do presidente do governo regional ou os episódios pouco edificantes do parlamento local. Vir ressuscitar o fantasma parolo da ameaça separista é de todo hilariante e já ninguém no seu juízo perfeito lhe dá um átomo de credibilidade ou de importância, pelo contrário começa a existir em muitos sectores nacionais, um sentimento de antagonismo em relação aquela região autónoma que poderá a vir a ser preocupante que o digam os residentes da Beira Interior, de Trás-os-Montes ou do Alentejo que com razão se sentem incompreensivelmente discriminados.

Comemorações do Dia do Exército - Évora 2006

Obus AP M-109 A5


Decorreram em Évora no dia 22 do mês findo as comemorações do Dia do Exército, tendo entre outras iniciativas sido realizada uma exposição tendo como tema as principais actividades deste ramo das nossas forças armadas, havendo a salientar o profissionalismo, a simpatia e o brio demonstrado pelos militares presentes, no esclarecimento dos visitantes. Hoje em dia os três ramos das forças armadas constituem um desafio aliciante para qualquer jovem poder adquirir uma vasta gama de conhecimentos nos diversos domínios do saber e das mais recentes tecnologias , dado estarem em muitos aspectos na vanguarda de algum do conhecimento que o País dispõe . Porém as forças armadas e o exército em particular, ainda revelam actualmente vários tipos de problemas com a sua estrutura que se arrastam há décadas e cuja responsabilidade cabe inteiramente à tutela ou seja aos vários ministros da defesa que sempre se preocuparam mais por promover a sua imagem nos eternos e fastidiosos telejornais das 20 horas, do que solucionarem efectivamente tais carências e fragilidades .